Eu queria muito conseguir escrever um conto com personagens inventados e tirar, finalmente, o foco de mim. Mas, sinto-me incapaz de fazê-lo porque sempre que tento inventar uma história ela tem que ter um fundo musical. Na verdade, é como imagino que seja a vida. Que vivemos como nas grandes e memoráveis cenas das que vemos no cinema. Com uma música de fundo. Pode ser um samba, um rap, um rock, uma valsa ou um tango.
O meu conto deveria ter um compasso de dois por quatro e começaria no quarto de um hospital. Carlos Augusto, um senhor de 65 anos sofre de um mal que nenhum médico sabe a causa. Matilde, sua esposa dedicada há 40 anos, acabou de ser avisada por um homem alto de jaleco branco com um estetoscópio pendurado no pescoço que Carlos Augusto, bem, lamento, dona Matilde, mas Carlos Augusto vai morrer.
Um, dois…três, quatro. Um, dois…três, quatro.
Atordoada. Desesperada e sem saber o que fazer, Matilde faz uma promessa. Nunca mais tomaria refrigerantes. Nem aqueles com adoçantes! Mas deixe, meu Deus, por favor, que eu vá primeiro… Enxugou as lágrimas e foi ao encontro do velho companheiro.
Carlos Augusto assim sabendo da notícia, desespera-se ao lembrar-se de Patrícia!
Um, dois…três, quatro. Um, dois…três, quatro.
Matilde sempre atenta ao seu lado, certa de que qualquer coisa faria pelo coitado, percebe Carlos Augusto preocupado. Amor, você vai sair dessa. Disse a esposa fiando-se na promessa. Carlos Augusto descrente e com a morte a se aproximar, sentiu que precisava se confessar.
Matilde, meu amor, preciso te dizer. Eu tenho outra família em Irajá.
Tenho até netos!
Um, dois, três, quatro com o Xiquinho.
E fechou os olhos sem esperanças de mais viver.
O que Matilde sentiu todos sabemos. Com o que ninguém contava foi com Deus que não gosta de refrigerantes, ter achado a troca de Matilde interessante!
Um, dois…três, quatro. Um, dois…três, quatro.
Aconteceu que Carlos Augusto melhorou e em menos de uma semana para casa voltou. Dona Matilde recebeu orientação de controlar bem a alimentação. Os dois retomaram a rotina, mas vivem num silêncio constrangedor. Carlos Augusto arrependido da confissão, Matilde não querendo se aproveitar da situação. Afinal, o que no leito de morte é falado é bem passível de ser perdoado.
Agora, quando Carlos Augusto vai dar uns passeios em Irajá, dona Matilde delicia-se com litros de Guaraná. Um, dois, três … quatro. Um, dois, três … quatro!
Perfeito.Simplesmente perfeito.Eu sabia, eu sabia, eu sabia…Só faltava ter coragem para começar, e começou em alto nivel, divertidíssimo e leve.Adorei como entrou no conto; adorei o compasso sendo marcado durante o texto e virar a marcação da quantitade de netos.O final, bem, o final não podia ser diferente, mas você o fez com muita elegância.Estou orgulhoso, e de cara te digo, já és a minha contista preferida.Espero ansiosamente pelos próximos.Eu te amo
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Ai…quanta emoção!!!
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Não entendi o "talvez último conto" no seu convite…Bravo, minha irmã. Continue escrevendo que esta é a sua praia.beijos da Tata
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Ah…isso é porque eu demorei 4 anos para fazer esse primeiro que ainda está meio desconjuntado.Inventar histórias é muito difícil.Não sei se consigo fazer outro não.Beijos
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um, dois, três, quatro. Ficou ótimo.Quem diria, terminou no Irajá.Um momento dramático, e outro confessional, entrelaçados. Duas vidas paralelas, que se descobrem no anúncio do final de uma única vida.Uma situação corriqueira, contada com ânimo e bom humor. É de se ressaltar o amor.O amor transbordante daquela Dona Matilde. Gostei principalmente, da conduta ética dela, não se aproveitando da confissão em hora extrema. Você pode contar, narrar e descrever.Só não pode parar. Espero a volta da viagem ao acelerador de partículas. Beijos e felicidades.
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A maior dificuldade para sua criação, está no seu exagerado senso crítico. Confie mais em você e na sua intuição. TÔ aguardadndo o próximo, vamos lá um, dois, três e já. O QSORTE está a sua espera. bjs
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Um grande deleite esse seu conto! Obriga a gente a dançar com ele, rápido e preciso. Depois que já foi embora, deixa todo mundo com um doce na língua e um riso na boca. É delicioso também que os nomes e os designios dos personagens se encaixem tanto. Enfim, um show.O único problema é que precisamos sempre de mais e mais…Já viu como é o público, né?!André Nakamura
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Djabal,Dona Matilde é uma santa mesmo.Que bom que vc gostou!Beijos
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Luis Manuel,Eu te amo!!! O QSORTE que me aguarde mesmo! Estou morrendo de saudades dessa serra.Beijos e valeu pela força!
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André,Quanto tempo! Vc dançou? Consegui fazer isso?IUPIIIIIIIIIII!!!!!!!!Beijos e apareça!
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Este comentário foi removido pelo autor.
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Voce leva jeito.Continua.Um beijo.Buaiz
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Buaiz!Obrigada, amigo!Grande surpresa te ver por aqui.Beijos
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Oi, Elika,Realmente você tem dom para escrever e seu humor é muito bom, mas pela primeira vez, não vou apenas elogiar, porque acho que você pode fazer algo maior e mais consistente.Apesar de achar esse seu primeiro passo interessante e os compassos serem diferentes de outros textos, esse tipo de abordagem de leito de morte e com outra mulher já é, digamos, um pouco batido e eu já li isso antes em outro lugar, um pouco diferente. Acho que você é melhor quando se baseia na sua própria história, porque tem mais força, mais personalidade e é única. Não acho demérito você ser o centro do seu texto. Concordo com você: inventar de forma plausível é difícil, mas continue em frente!Beijos, Elise.!
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Elise,Muito obrigada pela crítica. Eu realmente não me sinto " em casa" inventando nada. Por isso falei que esse poderia ser o primeiro e último.Gosto e não me importo de ficar falando de minhas coisas mesmo. Além do que, isso funciona sempre como uma terapia porque para escrever sobre o que eu sinto tenho que refletir sobre o realmente passa aqui dentro.Colocando para fora, diminui sempre a carga. Na hora.Bom, o negócio é fazer o que der na telha. Vamos ver qual é o santo que baixa em mim para o próximo!:-)Beijos
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Mãe!Amei! Principalmente quando a marcação contou os netos!Você é brilhantemente brilhante!Beijão!
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Nara,Estou com saudades desses pontos de exclamação perto de mim.A casa está muito reticente sem vc…Beijos
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Meu amor,Não é porque a história parece repetida que ela não é original. A forma de contar é tão importante quanto o próprio conteúdo, e quem conta sempre deixa um traço de si entalhado na história. E os traços deixados por ti foram brilhantes.Quanto mais batida for a história, mais difícil é fazê-la interessante, e foi muito divertido, leve e prazeroso ouvir a sua versão.Carmem Miranda gravou em 1938 um samba de Assis Valente que conta uma história super repetida, desde de antes daquela data até hoje, e olha que barato o samba.E O MUNDO NÃO SE ACABOUAnunciaram e garantiram que o mundo ia se acabarPor causa disso a minha gente lá de casa começou a rezarE até disseram que o sol ia nascer antes da madrugadaPor causa disso nessa noite lá no morro não se fêz batucadaAcreditei nessa conversa molePensei que o mundo ia se acabarE fui tratando de me despedirE sem demora fui tratando de aproveitarBeijei na boca de quem não deviaPeguei na mão de quem não conheciaDancei um samba em traje de maiô…e o tal do mundo não se acabou!Chamei um gajo com quem não me davaE perdoei a sua ingratidãoE festejando o acontecimentogastei com êle mais de quinhentãoAgora eu soube que o gajo andadizendo coisa que não se passouIh! vai ter barulho e vai ter confusão… porque o mundo não se acabou!
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Perfeito o samba! Ótimo!E como ando dizendo por aí, o importante é se divertir.O resto é o resto. POde ser a forma ou o conteúdo.Capisci?
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li.
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Valeu, Deisoca!
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Hahahahaha, muito boom =DComo sempre né, rs.Gostei bastante.. e isso é pq vc nao conseguecriar histórias?? Imagina se conseguisse ne.Espero que a vida de Carlos Augusto continue, que ele viva bastante e que vc nos conte tudo sobre ele..ParabénsBeijos
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Thiti (e Ana),Vou tentar.Pode deixar.Obrigada pelo carinhoBeijos
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