Feliz Natal! Próspero Ano Novo! Tudo de bom para você a para sua família! Olhei na vitrine e achei que era a sua cara. Nossa!, como ele cresceu! É só uma lembrancinha. Regime só no ano que vem. Pode trocar se levar a etiqueta. Coube direitim. O ano voou! Saúde para dar e vender! Imagine, adorei. Discurso!, discurso! Juro que eu não esperava! Era o que eu queria! Eu tenho um jeito rápido de fazer rabanada. Ssssshhhh, olha que coisa horrível que ganhei. Que horas são? Você não poder comer tanto doce assim, tia! Não suporto essas musiquinhas. Mãe!, olha o que a dinda me deu! Natal é com a família, reveiom não precisa ser. Vamos dar as mãos e rezar. A missa do Galo começa que horas? Todo ano Roberto Carlos! Adoro bolinho de bacalhau. Ano que vem eu vou estudar. Hoje é Natal, conversa com seu pai, meu filho. Acabou a cerveja. Não gosto de passas. O meu amigo secreto é uma pessoa legal, bonita e careca. Hou hou hoou. Adoro nozes. Gostou?, eu que fiz. Dindonbel Dindonbel acabou o papel… Época de festas não dá para fazer regime. Vai passar o reveiom onde? Não vejo graça em Peru. Quero ver desmontar tanto pisca-pisca. Quanta comida! Cereja é caro, né? Você não acha que o tio está bebendo demais? A São Silvestre é hoje? Sabia que ninguém sabe a data que Jesus nasceu? Estou morrendo de sono. Acabou o vinho? Fotofotofoto! Já que você foi bonzinho, Papai Noel deixou um presente aqui para você. Ai, comi demais! Vamos brindar. Adorei tudo. Feliz Natal! Próspero Ano Novo! Tudo de bom para você a para sua família!
Mês: dezembro 2013
Machista? Eu???
Ser machista no Brasil é como ser racista, ou seja, ninguém assume que é. No entanto, se perguntarmos para os negros se eles se sentem discriminados, eles dirão, em sua grande maioria, que sim. Se perguntarmos para as mulheres… o assunto fica por demais controverso. Poderia levantar a discussão sobre as mulheres que adoram andar ao lado de um ‘cavalheiro’, tomado aqui no sentido de querer dizer que elas se sentem bem ao caminhar não com um homem gentil e sim com um homem que a proteja e que a perceba como um ser frágil e inferior. Segue daí uma grande discussão, a começar pela dificuldade de diferenciar ‘machista’ de ‘cavalheiro’. Mas não é essa polêmica que quero aguçar. É uma outra. Esse texto é sobre uma determinada bandeira que levanto desde que soube que meu nome era Elika Takimoto. E vou teimar em hasteá-la porque insisto em querer construir uma sociedade mais igualitária, onde não precise ler quase todos os dias nos jornais casos de estupros, meninas com medo dos próprios colegas de escola, mulheres reféns dessa violência que por vezes acontece de forma silenciosa e burocrática.
Após ouvir vários homens casados que se dizem zero-machistas, perguntei-lhes: como é o sobrenome de sua esposa? Cem por cento dos casos, o marido diz naturalmente o sobrenome da cônjuge que é, vejam que interessante, o mesmo deste que se diz em posição igual a das mulheres.
Para começar, alguns detalhes da nossa história: o primeiro Código Civil Brasileiro (Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916), em sua redação original, pontuava, no artigo 240: “A mulher assume, pelo casamento, com os apelidos do marido, a condição de sua companheira, consorte e auxiliar nos encargos de família”. Por “apelidos” entenda-se o sobrenome do marido, que poderia ser simples ou composto, ou seja, sua adoção era uma ‘obrigação’ da mulher. Tal obrigatoriedade significava uma afirmação do poder marital, da supremacia do varão, cuja origem vem do direito romano, em que a mulher ingressava na família do esposo. Esta adoção de nome era um costume a que a lei deu guarida, e devia ser compreendida como uma expressão da comunhão de vida entre os dois cônjuges. Que lindo.
Hoje, as coisas mudaram. Já não é mais obrigatório as mulheres adotarem o sobrenome dos maridos, embora muitos nem sequer saibam disso. Vale observar, trocar de identidade tem um significado forte subliminar: a mulher, literalmente, aceita perder a sua ‘identidade’ em prol de se fortalecer na nova família liderada pelo marido. Há meninas que irão dizer que é uma prova de amor, uma homenagem tal e qual uma tatuagem. Justamente, queridinha, o sobrenome do marido, que a esposa passa a usar, funciona como um carimbo a mostrar que ela tem um dono e senhor, tipo gado quando é comprado e marcado na pele as iniciais do fazendeiro ao qual passa a pertencer.
Ah, já estou ouvindo daqui você dizer que não fez isso pensando assim, que vocês se amavam, que no furor da paixão isso passou despercebido e que no frigir dos ovos você não tem culpa de nada, apenas fez o que manda o figurino e que, sim, não pode ser acusado de machista por isso. Mas saibam, vocês (homens e mulheres) que aceitam isso sem questionar, são sim machistas e têm tudo a ver com o que as mulheres sofrem hoje. Vocês também são responsáveis por esses tristes números que vemos nos jornais indicando a violência com pessoas do sexo feminino. Ignorar isto é fingir que o mundo é um conto de fadas e que os casamentos são todos como os que vemos na sessão da tarde. A relação homem-mulher é tensa, o conflito existe e ameaça e mata e estupra. Você que diz que nada tem a ver com isso está se esquivando de sua responsabilidade social adotando a posição cômoda zecapagodiana de deixar a vida lhe levar. Com exceção do Zeca, sabemos bem onde vai dar isso.
Acredito que este seja um caso em que nem a própria mulher reconhece sua condição de submissão. E entender essa situação, esse processo histórico, é uma característica, acredito eu, significativa para a superação da desigualdade. Não aceitar o sobrenome do marido é um caminho para se fortalecer como indivíduo independente, é manter a sua identidade, a sua completude. E saiba que esse caminho se faz não somente nessa atitude, no passado, digo, no ato do casamento civil, mas que ele precisa ser trilhado no dia-a-dia, constantemente, também no aqui e no agora. Diversas vezes, a título de exemplo e esclarecer o que estou querendo dizer, quando viajamos, eu e meu marido, preenchendo documentos de hotéis, perguntaram-nos: Mas vocês não são casados? Ou, então, já saíam tirando suas próprias conclusões: Pensei que vocês fossem casados! Na nossa Lua de Mel, vejam bem, o meu nome foi incluído em todas as fichas nos passeios como Elika Borges e eu tinha que pedir, exigir, implorar para que elas fossem refeitas. Ainda assim, chamavam-nos de casal Borges.
Embora insista que a identidade seja o ponto de referência a partir do qual surge o conceito e a imagem de si, sei muito bem que ela não é algo único e sim um sistema identificatório em processo dinâmico. Mas vamos ser sinceros com nós mesmos, de uma forma muito geral e bastante concreta, o nosso nome e sobrenome são mais que meras palavras escritas ou faladas. Eles estão direcionados a representar todo o nosso universo pessoal. Desde que os humanos passaram a denominar os objetos e situações, ainda na sociedade neandhertal, o nome passou a ser utilizado como uma identificação, uma forma de distinguir e individualizar uns dos outros. Assim, passou a ser considerado um determinante da personalidade, e, por isto, não é possível que alguém exista sem esta designação pessoal. Sem seu nome e seu sobrenome.
Mas sim, você pode querer não enxergar nada disso e achar que é só mais uma polêmica. Afinal, não foi você quem fez a lei. Entretanto, meu bem, se a seguiu, ainda que pudesse ter feito diferente, você tem sua parcela de contribuição com a violência que testemunhamos diariamente neste nosso país porque um tipo de preconceito muito danoso é este que não grita, age de forma silenciosa, sonsa e como se fosse natural. Diluído no dia a dia e em nossa cultura aparece como uma forma de manter a ordem das coisas e de lembrar quem manda. E quem obedece.
Não, senhores e senhoras, não estou querendo que vocês refaçam as suas identidades e as suas certidões de casamento. Mas pega mal dizer que vocês não são machistas se se recusam a enxergar que isso reflete toda uma história de discriminação com a mulher. Teimar em não se ver como machistas, à luz de tudo o que foi dito, é ser conivente com o estuprador que só enxerga, quando olha uma mulher, um objeto feito para lhe servir, submisso, descartável assim como um documento que não vale mais.
Sou Elika Takimoto. Sou livre dentro de um casamento. Aqui não encontrei nenhuma metade porque eu estou inteira. Sou e sempre fui, antes de tudo, fiel a mim mesma e aos meus ideais de justiça e igualdade.
Feito efeito borboleta
Estava dirigindo. Praça da Bandeira. CD do Fábio Júnior rodando leve e solto. De repente sinto. Uma coisa. Se mexendo. No cabelo. Tenso. Mega tenso. Passei a mão rápido. Grudou na mão. Percevejo enorme. Sacudi a mão desesperadamente. Ele caiu na bolsa que estava no banco do carona. Eu olhava para bolsa e gritava. Era Jesus que estava agora no volante. Jesus encostou rapidamente no posto. Antes de Jesus parar, eu já saí gritando, balançando a cabeça com nojo da minha juba, abri a porta do carona aos berros. Segurei a bolsa pelo fundo e sacudia aquele saco, destinado a guardar e esconder determinados objetos, com meu corpo. Tipo aqueles bonecos de posto, mas em fast motion.
Caem absorventes, tampas de caneta, papeizinhos de visa electron, batom, protetor solar, capa de guarda-chuva, pedaço de borracha, neolsaldina, pilha usada esperando um descarte ecologicamente correto, provas de aluno, brinco sem tarracha, lixa velha, liquid paper novo, papel de bala, balas, moedas?, várias!, marcadores de livro, bula de remédio de cachorro, pente, papel da mega-sena, cuequinha do Yuki, pendrives, uma luva de lã e mais outros objetos… até que ele, o percevejão cheio de asas mega barulhentas sai voando. Gritei alto até não conseguir mais vê-lo. E ele se foi. Pronto. Acabou.
Qual o quê.
– A senhora está bem?
Foi quando dei por mim que as entranhas de minha bolsa estavam expostas. Há quanto tempo aqueles cacarecos não viam a luz do dia? Pareciam que estavam felizes ao ar livre. Estavam todos esparramados que nem batatinha pelo chão. Olhei pro moço e movimentei os olhos para baixo, somente os olhos para não desviar o foco dele do meu rosto para o chão. Diante dos pedaços de minha vida espalhados, o primeiro ímpeto foi pular em cima e cobrir tudo com meu corpo. Segui o impulso. Sentei em cima dos absorventes debaixo de um sol de 42 graus e fui catando as coisas, puxando-as para debaixo das minhas pernas.
– A senhora está bem?
Se eu falasse que estava, ele iria achar que o meu normal é assim. Aquela imagem não podia ficar na memória dele. Eu devia deixar (mais) claro que estava surtada, que não estava bem, que estava sofrendo para ele não fazer mau juízo de minha pessoa. Continuei chocando o absorvente, as pilhas e tudo o mais que consegui esconder. Não olhava para ele com a esperança d´ele voltar ao trabalho e me esquecer.
Ledo engano.
Vi, pelos pés dele que não se moviam, que ele não sairia dali.
Ergui, então, calmamente a nádega direita olhando fixadamente agora para o rosto do moço, meti a mão embaixo, peguei o que consegui e enfiei na bolsa rapidamente. Ele nem percebeu o que era. Beleza. Repeti esse movimento algumas vezes e depois fiz o mesmo com o lado esquerdo. Mega esperta eu. O moço não viu nada.
Levantei-me. Olhei para ele suada, com os cabelos a la Maria Bethania. De pé, ri alto, de boca aberta e com os olhos esbugalhados. Acho que ele entendeu que eu sou mega fofa e que, apenas, vai dizer ele com certeza aos outros que estão acompanhando a cena de longe, ela não estava bem. Eu super fiz o que deveria mesmo ter sido feito.
Recompus-me. Agradeci a atenção e entrei no carro. Aumentei o som.
O que é que há?
O que é que tá
Se passando
Com essa cabeça?
– Percevejo, meu lindo.
– Perdão. O que a senhora disse? – O diabo do frentista ainda estava me olhando.
O que é que há?
O que é que tá
Me faltando pra que
Eu te conheça melhor?
Nada, moço, nada. Respondi aos dois simultaneamente.
Engatei a primeira e, sem mais outra opção, segui em frente.
Nariz de Palhaço
– Mãe, pra que serve uma bigorna? – Perguntou Yuki, meu caçula de sete anos.
Fiquei olhando para a criança pensando no que responderia. Diriam vocês, ora, responde que a bigorna… Pois é, mas devo lhes confessar. Eu nunca vi uma bigorna sem ser nos desenhos animados. Se vi em outro lugar, não me atentei ao fato a ponto de observar e detectar o uso correto dessa budega. Mas não podia deixar meu filho sem resposta. Era uma pergunta simples e consultar o gúgol para isso era derrota.
Lembrei-me, então, dos tempos de estudante, das questões discursivas que não tinha a menor ideia da resposta justa, mas para não deixá-las em branco, usava da minha criatividade e mandava ver na redação colocando algumas palavras que me lembrava ter ouvido em sala tomando o cuidado de não despertar a ira do professor ao ler o texto que lhe oferecia. Com essa tática, acertei algumas e ganhei zero em tantas outras, ou seja, o saldo foi positivo ainda que mínimo. Lembro-me, para citar apenas um exemplo, que na prova de artes a pergunta era: quem foi Sandro Botticelli? Ora, estávamos estudando os pintores renascentistas, então, comecei falando que Sandro Botticelli foi um grande pintor renascentista. É claro que eu sabia que o professor queria como resposta que eu redigisse sobre a obra dele. E foi aí que eu aprendi que se você quiser enrolar bonito você deve citar a maior quantidade de detalhes que puder. A pessoa que vai receber a informação vai ficar intimidada e sem saber direito com quem está falando. Isso posto, Boticelli, antes de se mudar para Nápoles, mais precisamente entre 1489 e 1492, viveu o seu momento mais fértil. Após a morte de sua mãe, dona Rigoletta, em 19 de outubro de 1488, Boticelli pintava quase todo o tempo em que estava acordado. O quadro mais famoso nessa época, datado de 23 de Julho de 1490 e intitulado “Nariz de Palhaço” causou alvoroço na elite burguesa italiana e… bom, e por aí foi. Eram tantas informações precisas com nomes de ruas, de amigos, de escolas que havia inventado que já nem me lembro mais. O professor nem pensou duas vezes, deu-me o ponto pra lá de merecido. Isso mudou a minha vida. De lá para cá, desenvolvi essa arte e a uso sempre que me sinto acuada. Quando me perguntam, no meio acadêmico principalmente, se sei falar japonês, respondo com segurança que sim e começo a falar com entonação os nomes de todos os meus primos. Quem me ouve fica encantado e ganho pontos no conceito que a pessoa faz de mim. O método, como disse, é bastante seguro. Conto esse e outros sucessos para os meus filhos com muito orgulho. Nara, a minha filha do meio, esperta que só, já utilizou em diversas apresentações de trabalho que não teve tempo de preparar direito porque estava ocupada cantando ou aprendendo alguma música nova no piano.
Mas voltemos para a bigorna.
– Yuki, meu filho, a bigorna é algo que é da cor preta sempre, pesado, ou seja, não é para jogar pro alto, ela precisa ficar no chão. Onde ela pode ser usada, então? – Fingi que estava testando a sua inteligência, pois, a minha estava deixando a desejar. Não tinha ainda a menor ideia do que responder.
– Como uma mesa? – Respondeu-me rapidamente.
– Exato, meu filho! – Como não havia pensado nisso? – Precisamos da bigorna como uma mesa porque fazemos coisas nela e ela não pode sair do lugar com facilidade. Ela tem que ficar bem presa ao chão. Quero ver se você é mesmo esperto. Me dê um exemplo de algo que fazemos em cima de uma mesa e que a mesa não pode sair do lugar.
– Tudo né, mãe. Se eu tiver comendo, escrevendo, desenhando e a mesa sair do lugar…
– É. Mas pretenção. Não subestime a minha pergunta. Talvez eu tenha me expressado mal. – Pensava lentamente. – Não é só ficar presa ao chão. A bigorna é feita de um material bem denso, ela tem que ser resistente. Então, ela serve para fazermos coisas, tipo martelar em cima dela e ela não rachar ao meio. Donde se conclui que a bigorna serve para martelarmos coisas, tipo ferro, em cima dela. – Concluía enquanto falava. – Mas é claro, isso é o objetivo secundário desse objeto. Ela foi feita para acertar o coiote.
– Jamais o papa-léguas?
– Jamais! Muito bem observado, Yuki. Quando a coisa nasce com um propósito, com um destino, dificilmente conseguimos mudar a essência dessa coisa. Caso consigamos isso é feito à custa de uma consequência para quem lhe deu uma outra serventia.
– Tipo bala de revólver?
– Tipo isso. Se atingirmos uma pessoa boa com uma bala, a pessoa que atirou vai pagar caro por isso.
– Mãe, você sempre explica as coisas de uma forma que entendo. Obrigado, mãe.
Boticelli não tem ideia de como ele decorou e coloriu a minha vida.
Tipo Morango com Chocolate
Estávamos na praia e começou a chover. Nelson havia saído para remar no mar. Peguei Yuki com seus sete anos e seus brinquedos. Busquei abrigo em um quiosque.
– Odeio chuva, mãe.
– Mas, Kinho, por que?
– Por que molha ué.
– Mas você estava brincando na água!
– Mas molha a areia e no mais, quando estou vendo televisão a chuva atrapalha porque faz barulho.
– Olha, então é isso. Você está usando a chuva de uma forma errada. Desliga a TV e vai ler um livro e você verá que não há nada melhor nesse mundo do que essa combinação. É tipo morango e chocolate, entende?
– Pra mim, mãe, a melhor coisa do mundo é ser astronauta, sabe… – Disse ele olhando o horizonte.
– Fala sério! O astronauta fica vagando pelo espaço! E se ele tiver saudade da mãe dele? Não pode voltar… Fala sério!
– Mas ele tem uma equipe e se a equipe for legal, de repente a saudade nem vai incomodar tanto. E no mais, conhecer outros planetas pode ser muuuuuito legal.
– Mas ó, vou te dizer, astronauta não conhece nenhum planeta não. No máximo, ele pisa na lua, ok?
– Ué, aí agora você me confundiu, mãe. Outro dia você mesmo estava me mostrando como é Marte…e disse para mim que eram fotos reais!
– Ah sim, mas foram tiradas por um robô.
– Robô? Do bem ou do mal? – Assustou-se a criança.
– E desde quando robô tem moral? Robô é uma máquina, Kinho!
– Mas ele recebe um comando, né? Quem dá o comando? É do bem ou do mal?
– É um cientista.
– Ferrô, então. Cientista é tudo maluco…
– Qual a sua fonte? Da onde você tirou isso?
– Discovery Kids oras. E eles gostam de se vestir de branco. E explodem as coisas. – Parou de olhar o mar e virou-se para mim bastante atento. – Ou você vai dizer que estou errado? Cientista não adora uma explosão?
– … – Olhava eu agora para o mar.
Yuki percebeu que eu estava articulando uma resposta.
– Mãe, vai. Aproveita. Está chovendo. Vai fazer o que você mais gosta. Ler um livro enquanto está chovendo.
– Me enganei. O que mais gosto de fazer quando está chovendo é ficar batendo papo com você.
– Mas isso com qualquer tempo é sempre muito bom, né?
POW! Como não explodir de tanto amor? Como???