Cem mil pontos da Vivo: o nascimento de Tobias Miguel

tobias

Ganhei 100 mil pontos da Vivo. Fiquei mega feliz e corri para o shopping já pensando em resgatar um Samsumg pica das Galaxy S4. Levei 20 reais caso precisasse inteirar. Fui prevenida. Comigo é assim. Com esses 100 mil pontos,  que é ponto que não acaba mais, ganhei 200 reais de desconto e a porr* do celular ainda me sairia por uma bagatela de 1300 reais. Fala sério! Jamais vou pagar isso em um celular. Jamais! Fiquei mega triste.

Saí da loja entrei em um pet shop e com aqueles 20 real comprei Tobias Miguel. O mais novo membro da família. Um hamster todo malhado. Lindo. Giga fofo e cheiroséééésimo. Fofofofofofo. Filhotíssimo e cheio de amor para me dar. Pronto para ser amado loucamente por todos da casa. Daí, ao sair dali, vi um quiosque que vende maquiagem. Cheguei perto e vi uma base que não sai com água, e muito menos com suor. Fala sério. Só bombril umedecido com Veja Limpeza Pesada. Maneiraço! Artigo de necessidade ultra básica para quem vive o verão carioca. Super precisava. Comprei não sem antes me encher com a amostra grátis. Já suei bagarai e continuo com a pele lisinha da Silva Takimoto. Linda. Mega feliz!

O celular vai bem obrigado. Temos que nos desapegar dessas geringonças mesmo. O meu está tão desatualizado que só roda o whatssapiens. Mas tá tudo certo. Agora vou lá ficar olhando para o fofo do Tobias Miguel e depois tentar tirar essa tinta irada da cara. Giga animada!

Beijos procêis!

“Ideologia, eu quero uma pra viver.”

esq

É comum vermos nas redes sociais brigas entre o pessoal “de esquerda” e “de direita”. Não é a mesma coisa, mas quando leio um texto apaixonado de uma pessoa que se diz estar em um desses dois extremos, lembro-me muito das discussões no campo da religião e do ateísmo. Vejo ataques de ambos os lados, tanto nos extremos do campo religioso quanto  do político; mas neste último, algo interessante acontece. Por vezes, diante dos mesmos números, dos mesmos fatos, dos mesmos fenômenos ambos os lados conseguem justificar a escolha da posição tomada. Ou seja, ser “de esquerda” ou “de direita” consiste, sobretudo, em uma diferença entre duas percepções da realidade.

Há vários cientistas políticos, sociólogos, filósofos e historiadores que explicam essa diferença entre esquerda e direita, mas estão longe de chegar a um consenso. Há muitos que começam nos lembrando que esses termos remontam à Revolução Francesa. Lembram-se das aulas de história? Os Girondinos, à direita no plenário da Assembléia nacional, representavam os nobres e os burgueses ricos; os Jacobinos, sentados à esquerda, eram representantes da pequena burguesia e do povo. Há quem afirme que a diferença veio de muito antes. Se nem o passado nos é claro, imagine o presente. Atualmente, há até quem defenda que a diferença não existe mais.

De qualquer forma, hoje ou no pretérito conseguimos enxergar as posições de esquerda e de direita, a despeito das várias nuances em cada tempo e local no mundo. E está longe de poder ser redutível e discutível na superficialidade como é feito em postagens em redes sociais com fotos e piadas, em sua grande maioria sempre desqualificando o outro lado. “Eu corrompo, mas você corrompeu muito mais” não é o discurso que eu quero levar em consideração para essa análise, mesmo porque por esse caminho daremos não com os burros n´água, mas em um lamaçal fétido. Para expôr esse cenário, por exemplo: a direita muitas vezes se legitima em nome da experiência consolidada, da segurança e da prudência, ainda quando, na prática, vemos os conhecimentos sendo desprezados, as experiências esquecidas e as imprudências correndo a olhos vistos como os esgotos nas comunidades que colocam em risco todos que ali moram. Por outro lado, a esquerda se pauta no presente e na esperança de um belo mundo no futuro pleno de matas mais verdes, céus mais azuis e pessoas mais livres. Mas, na prática, temos posicionamentos que podemos interpretar como injustos, maldosos, e quiçá piores do que já vimos no passado. Então, de nada nos serve seguir por essa estrada porque, no plenário, onde daremos, a diferença se esvai. Ocorreu, afinal, a esperada inversão de comportamentos depois da vitória da esquerda nos últimos embates presidenciais?

Já fui ingênua e acreditei que tínhamos de um lado a falta de princípios por parte da direita e, de outro, uma tendência clara da esquerda em direção às normas éticas ou morais na forma de se conduzir em política. Reconheço que nada saiu exatamente como as minhas expectativas, e diante no novo quadro que se apresentou, perguntei-me se ainda podemos acreditar na existência de diferenças reais de comportamento, de postura prática, de atitudes mentais no grande jogo da política. Há ainda, de fato, alguma oposição fundamental, alguma separação que não seja uma bifurcação ética entre a esquerda e a direita no nosso país? É uma questão que, a meu ver, não é simples, mas que se faz urgente respondê-la, pois temos, por natureza, que agrupar forças para que lutemos por um Brasil melhor. Temos que querer, então, assim como Cazuza, uma ideologia para viver e exercer a nossa cidadania.

Também não quero cair na ladainha de ficar falando mal de brasileiro ou fazendo piada com o Brasil. Estamos vendo pelos noticiários que o problema não é só nosso. Podemos dizer que nos países ditos desenvolvidos há uma classe política “mais virtuosa” que a nossa? Claro que não. Em se tratando de política, o comportamento suspeito é universal, ainda que tenhamos um cenário específico do ponto de vista da ética pública. Para consertar o que aqui está no nosso país, precisamos como todos sabemos, de uma reforma e que esta seja, acima de tudo, uma reforma moral para que nos posicionemos diferente em relação ao comportamento dos nossos políticos que, pasmem, são os escolhidos por nós.

Mas, então, onde se dá a diferença da esquerda ou da direita se não mais a encontramos nos valores da moralidade individual dos militantes dos partidos? Podemos encontrá-la em textos preconceituosos como os de Rodrigo Constantino que escreve no jornal O Globo? Em sua coluna ele afirmou que um esquerdista é aquele que “jamais precisa se importar com a coerência, com o resultado concreto de suas ideias, com pobres de carne e osso”, pois “ele goza de um álibi prévio contra qualquer acusação, afinal, é de esquerda, ou seja, possui as mais lindas intenções”. E isso, segundo Constantino “é o suficiente. Um esquerdista pode tudo!”. Acho complicado atacar dessa forma, porque não há dúvidas que a resposta pode ser, no mínimo, muito desfavorável à posição política que o jornal, como um todo, defende. Bah. De que adianta, estimular a briga e a impaciência em ambas as partes? Eu que não quero dialogar com pessoas que sofrem da síndrome de pânico conspiratório e não sabem se defender de uma forma diferente senão a de atacar.

Hoje, penso eu, para perceber a diferença temos que observar não mais a ideologia de cada partido, e sim as maneiras diferentes de cada um de vivenciar o tempo histórico, como já me disse um dia Olavo de Carvalho. E a partir daqui, posiciono-me politicamente com o que observo e com as diferentes narrações contadas pelos mais diversos jornais de um mesmo fato e/ou diante uma mesma planilha de dados.

O meu foco está na relação que cada vertente tem com o trabalho e a educação. Verifiquei que os ruralistas, por exemplo, e os grandes latifundiários são rotulados como membros das classes produtoras. Perguntei-me sobre quem realmente produz. Onde ficam os trabalhadores de campo em alguns jornais e que porcentagem da reportagem é dada a eles? Estendi essa pergunta para vários outros meios de produção em nosso país. Procurei respostas em diversos jornais e revistas e as obtive em formas diversas, quiçá contraditórias. Sobre o programa Bolsa-família, outro exemplo, temos, diante os mesmos números, os que consideram que a bolsa estimula a inércia, premiando milhões de vagabundos e, do outro lado, temos aqueles que apontam que dezenas de milhões de brasileiros saíram da miséria e acreditam que esses vão mais longe se fiando na notícia que um milhão de “bolsistas” devolveram a sua bolsa ao Governo porque já conseguiram caminhar sozinhos. O objetivo da esquerda é claramente modificar a sociedade, mudando a estrutura social e os meios de produção, e isso exige uma organização e um empenho que, de fato, está bastante questionável. Mas continuando… Sobre o programa das cotas, temos claramente de um lado pessoas dizendo que a política está premiando os piores, ou seja, atrapalhando a “seleção natural”. Do outro lado, há os que lutam pelas cotas como instrumento de correção social, um pagamento de dívidas históricas contraídas ao longo da história. Não quero, porém, ficar no lugar-comum dessa avaliação, ainda mais sendo uma educadora. Não vou me enveredar na discussão sobre capacidade intelectual e conhecimento adquirido, mas quero, ainda assim, insistir no tema.

Na posição de professora de física que já trabalhou na rede particular, na rede estadual e que hoje trabalha na rede federal com 50% de seus alunos cotistas, levanto a bandeira que a relação escola-cidadania presente nos nossos documentos oficiais precisa ser analisada com um cuidado especial. De fato, a educação sempre esteve a serviço de um determinado tipo de cidadania. Queremos que a educação forme um sujeito reflexivo, crítico, que fomenta a emancipação popular ou queremos que ela seja a responsável pela formação de indivíduos acríticos, obedientes e conformistas, contribuindo para manutenção de um quadro de inércia coletiva diante das questões sociais? Na história da educação brasileira, até mesmo na época da ditadura, a legislação educacional não deixou de mencionar, como principal finalidade do processo educacional, a formação do cidadão. Há muitos paradigmas de cidadania e temos que saber qual está sendo adotado na educação: para as elites condutoras ou para as massas a serem conduzidas? Analisando os documentos oficiais, a resposta foi clara. Afinal, não podemos e não devemos considerar que a escola pode se aproximar de instituições vinculadas não aos interesses concretos do povo, mas sim aos interesses dos processos produtivos? Se tomarmos em consideração que vivemos em um país que condenou milhares de pessoas a uma vida demarcada por condições de miséria, desemprego, violência, e demais indicativos de condições sociais inaceitáveis e as políticas sociais que o atual governo está implantando, o assunto ‘cidadania’ deverá ser, no mínimo, mais esclarecido. E em verdade, em verdade vos digo, que o ensino de ciências praticado na maioria das escolas brasileiras, contribui como um instrumental de formação política e não-reflexão sobre as mazelas do país e do mundo, além de influenciar a postura do indivíduo diante dos problemas que nos afetam diretamente como a saúde pública, por exemplo. Quanto a isso, há muito estudo em andamento da minha parte e muitas discussões filosóficas das quais participo, mas gostaria que pensassem sobre uma questão: qual a porcentagem que a educação científica recebida nas escolas teve, citando um exemplo atual, para a atitude arisca dos médicos brasileiros em relação à vinda dos médicos cubanos com o propósito de atuarem em áreas inóspitas nas quais os médicos brasileiros se recusaram a trabalhar? Adianto parte da minha conclusão: 100%.

Ao ver médicos que ajudei a formar, percebi que estava, sem saber, imersa até o último fio de cabelo nesse sistema que se auto-reproduz “naturalmente” e ajudando a fortalecê-lo. Para quem não acredita no minha conclusão, pergunto-vos: Em que medida seus professores de ciências ajudaram a formular o conceito de ‘ciência’, ‘cientista’, ‘método científico’, ‘saúde’, ‘vida’, ‘organismo, natureza’, etc. que você tem hoje? Em que medida o seu professor de física estimulou você a refletir sobre esses conceitos? Já ouviu dizer que “a ciência é linda”? Que é “um conhecimento que se dá apoiado em bases sólidas”? Que é “objetiva por natureza e não subjetiva como as ciências não-exatas”? Quem te iludiu quanto a isso? Afinal, a ciência não pode ser entendida como prática que se define a partir de um conjunto de crenças, princípios e normas compartilhadas por uma determinada coletividade??? Para onde vai essa objetividade?

Nessa esteira, continuo o meu raciocínio: como o professor de física, ou de ciências de uma forma geral, tem contribuído para o fortalecimento de vínculos com correntes político-educacionais que apenas alimentam a mera reprodução de um sistema e, de que forma ele tem também contribuído para que atitudes sociais sejam tomadas “conscientemente” tais como a preservação da hegemonia cultural das instituições sociais ou, por exemplo, a aceitação sobre o diagnóstico e/ou medicação prescrita por um profissional de saúde? A (ingênua) segurança que você sente ao ouvir “foi comprovado cientificamente” tem origem onde?

Nosso ensino está a serviço de um sistema que, por sua vez,  está a serviço da elite e ajuda a mantê-lo. E não é à toa que “o outro mundo” defendido pelos esquerdistas é tão difícil de ser alcançado. Não é sem motivo que as cotas são recebidas com asco por muita gente. Não é por acaso que os Constantinos que escrevem para grandes jornais de ampla penetração querem que eu me envergonhe de minha posição política, dizendo que, nós, esquerdistas, temos “um salvo-conduto para defender todo tipo de atrocidade”, não é sem propósito que somos rotulados como românticos, intelectuais, ingênuos e defensores de bandidos. Tornamo-nos, é claro, figuras teimosas, concordo, mas entendo que assim tem que ser se queremos mudar. Não é atacando o outro e sim entendendo o outro que conseguiremos lutar contra o conformismo em relação ao que está aí dito “natural”. Há de se semear com muito cuidado e fazer brotar um outro Estado, uma outra forma de vida material e cultural e novas relações sociais. Não é simples, não é fácil e não acredito que alguém saiba como fazer isso.

Diante a complexidade do assunto que está longe de se esgotar aqui (e se o faço é para não cansar mais o leitor e a mim mesma), entendo, sobretudo, que não há “uma” esquerda e “uma” direita em nosso país e que ninguém absolutamente é detentor de uma Verdade Única. Vejo muitos, como eu, refluindo sobre alguns passos, repensando em tudo o que aconteceu para que as fantasmagorias do passado não voltem a nos cegar a visão do horizonte. Isto, eu sei, não me dá a garantia de que não me iludirei novamente. O que não posso é deixar de acreditar nas urnas como um instrumento de mudança. O que não posso é deixar de acreditar em um futuro que, tal como sempre cantamos juntos, espelhe, de fato, a nossa grandeza. Continuarei fazendo isso amparada sobre a minha nova concepção de diferença entre as duas vertentes políticas. Bastante atenta. Seguindo pela esquerda.

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Como o assunto é por demais complexo, não responderei a nenhum comentário e aqueles que eu considerar agressivos vou apagar. Coloco-me à disposição para discutirmos o assunto em outra seara. No mais, o texto está longe de esgotar o que sinto e li sobre o assunto. Entendo que cada parágrafo é controverso e precisa ser fundamentado com mais profundidade. Ainda assim, decidi publicá-lo para partilhar parte de minhas inquietações sobre o tema. Afinal, Minha Vida é um Blog Aberto.

E agora, José? (Parodiando Drummond)

rio

E agora, José?
A Perimetral acabou,
O prefeito surtou,
Cet-Rio talqueparil…
a Rio Branco estreitou,
e agora, José?
e agora, você?
você que tinha fome,
e almoçava com os outros,
você que tinha acessos,
e andava pras festas…
e agora, José?

rio2

Está sem um qualquer,
está sem percurso,
está sem caminho,
já não pode correr,
já não podia se atrasar,
Eduardo Paes, não fode!
o ônibus aumentou,
o 383 não veio,
o 254 não veio,
o 201 não veio,
não creio na Supervia!
e a barca atrasou
e o metrô entupiu
e o trem lotou
e agora, José?

metro

Com o volante na mão
quer ver onde desemboca,
sai da frente, idiota!
quer correr pro bar,
mas a esposa vetou;
quer virar a esquina!
nem a esquina não dá mais!
José, e agora?

rio4Se você voasse,
se você desaparecesse,
se você pedalasse
no asfalto fluminense,
se você sumisse,
se você retornasse,
se você corresse…
Mas você nem corre,
eu te esconjuro, José!

São Paulo páreo duro
e qual paulista revoltado,rio5
sem nenhuma via,
sem nenhuma rua
para se transitar,
sem helicóptero preto
ou mesmo um rosa choque,
você murcha, José!
José, está longe?

Pé no Freio

carro

Hoje indo para o CEFET bati com o carro. O cara da frente estava sem luz de freio e eu sem luz interior. Tudo ok, tirando o susto, o atraso, o prejuízo, a dor de cabeça, o fato d’eu estar numa maré de azar, dura igual ao carro da frente, sensível como uma gestante, já sem tempo como você e ter que ficar até a semana que vem sem o takimóvel… tirando esses detalhes, tudo na mais perfeita ordem.

Deixei o carro na oficina lá perto mesmo, em São Cristóvão. O pouco que andei de transporte público voltando para casa já li bastante coisa, vi um idoso corcunda ajudando uma senhora obesa com um nenem de colo a subir no ônibus, tive fé na humanidade, dei tchau pra nenem do banco ao lado, conversei com a trocadora sobre cor de esmaltes e os benefícios do pilates e ouvi dela um salmo que não me ajudou em nada, mas foi maneiro.

Não vou dizer que estou mega feliz sem o carro e ainda sem as minhas lentes de contato, mas a despeito da falta que sinto deles, tive a impressão de estar vendo mais coisas do que o normal e uma sensação boa de ter pisado no freio. Agora, no tempo certo.

vaca

 

Espelho espelho meu, quem é mais míope do que eu?

óculos3

Há quatro dias ando brigada com o espelho. Tive conjuntivite e o oftalmo suspendeu o uso das lentes de contato, de forma que entre mim e  o mundo há sete graus de miopia expostos, escancarados em forma de fundo de garrafa. Indisfarçáveis.

Como sempre faço, deixo para me maquiar no carro. Entre o ponto morto e a primeira engatada dá até para fazer as unhas nesse trânsito do Rio de Janeiro, acredite. Hoje, porém, algo aconteceu. Quando fui guardar batom na bolsa que estava no banco do carona, vi com essas grossas lentes, um homem no carro ao lado me olhando.  E ele me disse: você está linda.

Meu marido fala isso pra mim todo santo dia, mas eu acho que é por pena, para eu me sentir melhor ou porque ele me conhece e consegue ver o meu interior que, de fato, é pleno de fofura. Enfim, os elogios dele não me servem de nada em se tratando da atual conjuntura conjuntivada. Mas… ouvir de um desconhecido… fala sério… Nelsim que não me leia, mas eu sorri com a boca, com as bochechas e principalmente com esses olhos infeccionados e cheios de defeitos. Empurrei os óculos que vivem escorregando para a ponta do nariz, arrumei rápido os cabelos para o lado com a mão, entortei levemente a cabeça para a esquerda como fazem as meiguinhas, olhei pra baixo timidamente tal como as virgens, depois lembrei que estava cheia de cabelos brancos e coloquei rapidamente a cabeça de novo na posição vertical como fazem os que nada temem. E de novo ouvi: você está linda.

óculos2

Juntei as palmas da mão como os que rezam, e disse para aquele que não tem noção do bem que me fez: muuuuito obrigada. Beijei os meus dedos e assoprei-os apontando para ele, como fazem as retardadas que se sentem uma princesa da Disney. Partimos cada um para um lado, retomando a vida e o caminho.

E no meio de um engarrafamento monstruoso, segui eu… Feliz como os idiotas.

 

Desculpe. Eu não bebo.

N_o_Obrigada

Para quem não sabe eu não bebo. Não bebo não porque não gosto, mas porque não posso. Não tenho uma enzima que metaboliza o álcool em meu organismo e o resultado de uma xicrinha de cerveja (se é que isso existe) pode ser desastroso. Placas vermelhas por todo corpo, enxaqueca braba, sono incontrolável…. Mas se pudesse não sei se beberia. Pelo menos não como a sociedade está nos impondo. Vejam bem, na maioria das vzs que estou com pessoas que não me conhecem seja numa festa ou até mesmo em um bar, eu tenho que me justificar de alguma forma. Falar da aldolase, a tal enzima que me carece e coisa e tal. Você não bebe??? Ela não bebe nada?!? Por que? E me olham com cara de pena como se isso fosse um castigo, uma sentença. Como se isso fosse motivo de sofrimento para mim. Já cheguei a dizer que estava tomando remédio (mentira), que o pastor não deixa (ahahahahaaa), que estou grávida (verdade (na época)), enfim… de alguma forma eu tenho que me explicar e dizer “Calma! Eu não bebo, mas sou legal”.

Quase sinto vergonha por não beber. Quase… Já me acostumei com as indagações, mas sinto-me cada vez mais anormal tanto no meio de adultos como no meio da garotada mesmo. E não é de se estranhar a minha sensação.. Há nesse mundo uma apologia à bebida que vou te contar viu. Muitos para mostrar que uma festa bombou tiram fotos rodeados de latinhas vazias ou cheias. Associam o fato de um evento ter sido bom somente se todos se encharcarem de bebidas alcoólicas. Bebi bagarai!!!! Quem nunca ouviu isso? Afff…

Em verdade, em verdade eu vos digo. É possível aproveitar a vida, uma festa, se socializar, ter amigos e ser feliz sem a necessidade de ter um copo na mão. Vide a mim as criancinhas! Eu me divirto a vera e a brinca em qualquer lugar de cara limpa. E sou legal, ok?

Liberdade de expressar o são

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Rachel Sheherazade, a repórter do SBT, foi ao público dizer a sua opinião sobre o menino que foi acorrentado ao poste depois de ter sido surrado e despido por um grupo de justiceiros. O fato atiçou os dedos nos teclados de todos e vimos ataques ferrenhos a repórter. Embora tenha ficado estarrecida com a postura da infeliz, a despeito d´eu tê-la julgado como uma completa boçal, acho que o direito dela de expressão não pode ser menor do que as minhas ideias e os meus valores. Tudo bem, ela é jornalista, tem aquele papo todo de ética, de discurso fascista e bababá bububú. Sei disso. Mas de tudo que li, tive uma grande dúvida: temos o direito de nos expressar, mas a liberdade, de fato, existe no nosso país? Esta pode acabar quando ofende os princípios de terceiros? A sua liberdade termina quando a sua ideia contraria a minha?

Não. Não era para ser assim… antes de mais nada, vale saber que se hoje não estamos de acordo com o que um fala, amanhã poderemos ser nós os que são contrariados quando viermos a público. Será certo fazer com que prendamos e domestiquemos as nossas palavras? A garantia da liberdade de se expressar deve ser conservada, ainda que nos cause aversão? Limitá-la não seria o mesmo que censurá-la?

É muito difícil defender a liberdade de expressão escutando aquilo que não se deseja ouvir, sabendo que ela, a liberdade de se expressar, esteja se tornando o principal incentivo da propagação da violência em nosso país. Mas, de que vale essa liberdade de expressão se não se pode dizer o que se pensa? Se eu não reconhecer que o imbecil que fala seja um portador dos mesmos direitos que eu tenho, eu não estaria me igualando a ele em um certo tipo de imbecilidade?

Deixemos que os idiotas se manifestem. Parafraseando Martin Luther King, não devemos nos preocupar com o grito dos violentos, dos que não tem ética. Devemos sim nos preocupar com o silêncio dos bons. E acrescento, que estes falem, mas que também não alucinem.

A Parábola do Sábio Chinês

Outro dia descobri o Brasil. Pelo menos a sensação foi a mesma. Estava com um grupo de amigos almoçando em um restaurante  e comemorando o aniversário de meu BFF (Best Friend Forever) Joel.

Fui ao banheiro. Quando voltei, os amigos estavam falando sobre hipérboles, parábolas e elipses. Daí, somente neste momento, fui me dar conta de que não sabia do que eles estavam falando porque (eis o Brasil sendo descoberto) hipérboles, parábolas e elipses são usadas em matemática e também no português!!!! Terra à vista, galera!!! Sempre as usei tanto como figuras geométricas como de linguagem, mas nunca me toquei que eram os mesmos nomes. Fala sério! Que maneiro! O bom de ser lesado é se surpreender com coisas como essas.

Fiquei tão impressionada que resolvi ilustrar a minha grande descoberta. Eis a parábola do sábio chinês.

SC

Não, vai ter Copa!

Agora que os investimentos já foram feitos, tanto o público quanto o privado, o que vocês querem afinal? Agora que os hotéis já aumentaram exorbitantemente o preço de suas diárias (será que vale protesto?), os turistas já compraram seus pacotes, as seleções até já reservaram seus locais de treinamento…. agora? O que vocês querem afinal com o seu hashtag nãovaitercopa? Torcer para que tudo dê errado? Para que?

Percebo que grande parte desse grupo anti-copa foi o mesmo que constituiu o gigante acordado andando pelo Brasil tipo um godzilla bêbado. Uma das coisas que já vi até cansar pelas redes sociais e comprova que esse movimento é, para dizer o mínimo, movido por pessoas altamente desinformadas e mal intencionadas, é o caso-Ronaldo-Fenômeno. A foto dele e o vídeo já obtiveram sei lá quantos compartilhamentos. Sendo que ambos, foto e vídeo, foram retirados de contextos. Ora, pessoas, uma coisa é ser burro, outra é ser um completo boçal. Será que ninguém desconfiou que Ronaldo que sempre foi tão bem assessorado não se enquadraria mesmo se ele quisesse na segunda opção? Em tempo, o que ele disse: “A Copa é uma incrível oportunidade para o Brasil. Chance de atrair atenção, investimento, turismo e mais mil coisas. Mas isso não obriga a deixar de investir em questões sociais prioritárias como saúde, educação, transporte, segurança. Afinal, não temos Copa do Mundo desde 1950 e não foi por isso que atingimos excelência em nenhuma dessas causas”. Mas isso a Globo não mostra! como vcs mesmos dizem…

Percebo jovens animados em mudar o Brasil. Que bom! Que bom! Percebo latente nessa juventude, algum desejo de transformação e uma sensibilidade aguda para a história. Contudo, é preciso que todos aproveitemos o momento para ‘aprender ‘com a dinâmica da história que está fluindo sob os fatos mais evidentes que a grande mídia tem transformado em ‘oportunidade’, sempre adequando o movimento aos seus próprios interesses. Como assim “não vai ter Copa!” nessa altura do campeonato vai contribuir para que melhoremos? Doce ilusão daqueles que dizem que com a internet o povo deixou de ser manipulado e anda bem informado…

Vejo um grande movimento tentando disseminar raiva, ódio e muitas das vezes com inverdades, tais como as palavras descontextualizadas de Ronaldo. A campanha está tão evidente que quem se vestir com a camisa do Brasil em dia de jogo está, desde já, sendo taxado de alienado, burro, conformista por gostar de futebol e torcer para a seleção. Relo-ou! Entre torcer tanto para que as coisas deem certo como para a seleção brasileira e compactuar com as mazelas que persistem e precisam ser superadas há uma grande diferença! Igualá-las? Para que? Melhorar o país?

Ora, ora…

Vocês que são contra a Copa porque somos um país com outras prioridades e torce para que o evento seja um vexame… vexame para quem? Para a Alemanha? Para a Itália? Para os Estados Unidos??? Para o Japão??? Para a França??? Poupe-me. Leiam os notícias internacionais e depois discutiremos a sério o termo “desenvolvimento”. No mais, os problemas do Brasil foram causados e vão piorar com a Copa???

Para quem fica gritando aqui que precisamos de hospitais e escolas e não de estádios algumas perguntas: Por que não gritaram antes, Pelo menos quando fomos escolhidos para sediar o mundial? Teria sido ótimo se esses patriotas tivessem agido há sete anos, quando o Brasil se candidatou à sede da Copa. Aquele foi o momento certo de tentar impedir a Copa e seus gastos, não? Por que se calaram na época? Vocês sabiam que 70% dos gastos da copa não são para construção de estádios? O maior gasto da Copa não é em estádios. Quem acha diferente está desinformado e desinformando outras pessoas. Mas tudo bem, você dirá que é para maquiar o país com obras urbanas, aeroportos, segurança pública e por aí vai. Respeito quem, de fato, está se preocupando como a realização do evento está sendo e será conduzida, pois, esta também é uma de minhas preocupações. Esses, assim como eu, reconhecem que a aversão à realização da Copa do Mundo no Brasil passa por um questionamento muito mais complexo: qual o custo do alegado sucesso desse evento para a população brasileira? Essa é uma excelente questão e pouquíssimo explorada em qualquer compartilhamento que vejo por aqui e em outras redes sociais.

Alguém aqui já ouviu falar da medida que foi aprovada pelo Congresso que limita o tempo de mandato de dirigentes esportivos e que obrigará entidades a prestar contas, em meios eletrônicos, sobre dados econômicos e financeiros, contratos, patrocínios, direitos de imagem e outros aspectos de gestão? Não, né? Quem foi o responsável por essa medida? Alguém sabe? Estranho… Vocês sabiam que os coordenadores de cobertura da Copa do JN foram orientados a transmitir a repórteres e editores a mensagem de que a Copa e a seleção brasileira são uma paixão nacional, mas que irregularidades deverão ser denunciadas e “pautas positivas” deverão ser evitadas, a não ser que “surjam naturalmente”? Perceberam que as reportagens que mostram como a Copa está beneficiando grupos de pessoas, como os comerciantes vizinhos a estádios, já não estão sendo mais produzidas nos jornais? Por que será? Esquisito, não?

Vocês não são contra a Copa, todos sabemos. Mas ainda assim estão muito preocupados com a situação das escolas e dos hospitais públicos, não? Pois muito bem, vocês sabem quanto foi investido em saúde e educação? Sabem me dizer se um gasto (com educação e hospitais) está atrelado ao outro? Você acha que a verba da copa está saindo da Saúde e da Educação e por isso bate perninha dizendo que não vai ter Copa? Uma dica: procure saber sobre o valor da arrecadação de impostos do governo federal brasileiro no ano de 2013, de 2012 e de 2011. Depois veja a Educação. Veja quanto o governo federal repassou a Estados e municípios, através do FUNDEB, para investimentos na Educação Básica. Faça as contas, cruze os dados. Avalie, sim? E que tal lutar pela aprovação do Plano Nacional de Educação, pelo cumprimento do piso salarial nacional dos professores, pela fixação de percentuais mais elevados e progressivos de financiamento público para a saúde e pela regulação mais firme sobre os planos de saúde? Uma boa, não?