Meu sonho não é querer voar como passarinho.
Meu sonho é abraçar passarinho que voa.
(Se for mesmo verdade que eles ficam sobrevoando
a cabeça das pessoas apaixonadas,
será que se eu abrir os braços, eles vêm?)
Eu sou mulher-brasileira, mas não tenho bunda, nem peito durinho nem coxas sem celulite. Eu sou mulher-brasileira, mas não faço parte do patrimônio nacional que é visto com orgulho por muitos daqui. Sou mulher-brasileira, mas não sirvo para embelezar estádios e nem para ser candidata a musa de torcida. A minha sensualidade não pode ser vendida como atrativo porque ela está na minha inteligência.
Sou mulher-brasileira, mas não é a minha arquitetura que me define e sim a minha biblioteca. Sou mulher-brasileira, mas a minha existência não gira ao redor da aprovação e da satisfação sexual masculina. Sou mulher-brasileira, mas não deixo o mundo mais bonito quando uso uma roupa justa e sim quando falo, quando escrevo e quando trabalho.
Não vou negar que fico feliz quando alguém generosamente me acha bonita. Mas sei que a beleza enxergada o tempo já está levando e, em breve, pouco restará. Portanto, se me alegro quando elogiam a carcaça, regozijo-me quando enaltecem o que produzo intectualmente: meus filhos, meus textos, minha oratória e minhas aulas.
Se quiser trocar uma ideia, como a maioria das mulheres brasileiras, sou mega simpática e cheia de esperteza. Sente-se aqui e bora conversar. Mas saiba que:
Eu sou mulher-brasileira e não estou aqui para servi-lo.
Cof Cof Cof.
Virei colunista internacional. Minha opinião traduzida para os italianos!
“Sì, habemus Coppa!”
http://www.pensemaravee.it/eventi/chi-e-contro-la-coppa-del-mondo
Foi lindo ver os japoneses catando lixo. Mas catar papel, ainda que seja louvável, é moleza.
Vale uma discussão de algo que não foi fotografado (com uma máquina mega moderna japonesa de última geração). Sabemos que somos uns lesados em termos de parafernália eletrônica em relação a eles. A tecnologia lá está a anos-luz de nós aqui e completamente desenfreada. Há uma doença (que começou lá): o culto aos descartáveis. Nada de conserta, tudo se compra novo. Se geramos muito lixo eletrônico em um país em que temos índio andando em volta do Maracanã, dá para imaginar o quanto eles geram de lixo eletrônico a mais que nós? Quem aqui não trocou de televisão nos últimos cinco anos? E de celular nos últimos dois anos? O pior: hoje trocamos de aparelhos sem nem esperar que eles quebrem! Lá seria diferente??? Seria sim. Muito pior. Pelo fato da tecnologia lá se modernizar muito mais rápido do que a nossa, como seria a mentalidade deles em relação a isso? Exemplar??? Doce ilusão.
Eles estão reciclando bem o lixo deles, isso é fato. Mas além da quantidade de lixo, ainda que se recicle, quero frisar outra coisa: a mentalidade consumista. No mais, reciclagem não é sinônimo de salvação. Querem que acreditemos nisso. Reciclar é bom e melhor do que não reciclar. Mas o ‘ter tanto o que reciclar’ é que são elas.
Por que, por exemplo, fala-se tanto em reciclagem e não em pôr o pé no freio do consumo??? Estranho, não? Fala-se nas escolas sobre o tema, crianças no jardim sabem separar lixo nas Europa e no Japão, eles dão show em reciclagem e quanto a isso não resta dúvida, mas e a reflexão sobre a mudança dos valores culturais que sustentam o estilo de produção e consumo da sociedade moderna? Discutem eles isso lá? Por que não?
Ao invés de construir aparelhos mais e mais modernos por que não pensam em diminuir a obsolescência (planejada) dos que estão sendo construídos? Essa mesma japonesada que catou papel nos estádios está preocupada com essa discussão? Quero ver produzir uma geladeira que dure vinte anos e ficar com uma máquina fotográfica por mais de um ano pendurada no pescoço. Isso a Globo não mostra. Isso ninguém fotografa! Por que? Já te digo: produtos ficarem “velhos” sem que os anos passem é um projeto forte que está dando muito certo para o modo de produção capitalista.
Para esses mesmos japoneses mega educados, não ter um aparelho novo é sinônimo de privação, sacrifício e dor já que a posse de bens materiais caracteriza a felicidade proporcionada pelo consumo. E quem lidera essa doença? Quem sai na frente nessa história? Os mesmos que estamos idolatrando como exemplo porque cataram papel nos estádios. Atitude louvável, reconheço, vale frisar.
A questão do lixo não é uma questão de ordem simplesmente técnica. Reciclar não é sinônimo de salvar o mundo e melhorar o planeta. O buraco é muito mais embaixo. É cultural e político e quiçá filosófico. O que é, de fato, reciclar? Reciclar muito é bom? Melhoramos se reciclamos mais e mais e mais? Evoluímos se lideramos a quantidade de materiais recicláveis? Em que medida uma sociedade que recicla muito é melhor do que outra que quase nada recicla? Em que medida catar papel em estádio é sinal que a sociedade está muito melhor educada? Que tipo de cidadão é esse que não joga papel no chão e descarta celular duas vezes ao ano?
Temos é que tomar muito cuidado para não ficarmos com os olhos mais fechados do que eles. Penso eu…
A minha maior riqueza
é minha inquietude.
Nesse ponto sou próspera.
Ideias que me aceitam
como sou
eu as desprezo.
Não sei ser apenas
alguém que entende
teorias, que se conforma
com os conceitos, que reza
a mesma Ave Maria.
Em qualquer ocasião
eu busco a transformação
na carne e no espírito
a renovação
Acalma-me fugir
do aconchego.
A Copa está aí e os gringos já estão chegando no nosso país aborígene com a cartilha na mão de como devem se comportar. Bem possível que as cenas da JMJ se repitam com pessoas andando de mãos dadas em um cordão de isolamento. Talvez agora com capacetes e com coletes à prova de balas. Na bolsa, duas carteiras, duas máquinas, dois celulares… Uma pra eles, as outras pro ladrão. Se levar prostituta pro hotel, fique esperto porque as primas daqui são foda. Se for beber, coloque a mão em cima do copo se não vão jogar um pozinho, você vai virar cinderela, vão arrancar seu fígado e contrabandeá-lo na fronteira do Paraguai. Não sentem na privada porque está cheio de vírus ebola. Aqui os marginais são violentos, diferente de toooooodo o resto do mundo que são uns amores. Mesmo se ficar hospedado do quinto andar, fechem as janelas ao dormir porque aqui somos iguais macacos. Escalamos prédios com a mó facilidade. Se virem manifestações mantenham distância porque na última até o Batman se feriu. Levem vinagre na bolsa caso não tenham como evitá- las e qualquer coisa sentem no chão e chamem não por Jesus mas por Tico Santa Cruz. Disfarcem o sotaque. Vc que vem do Japão e vive pegando metrô vazio, pode se assustar com o nosso. O americano que come bem, pode passar mal com a nossa feijoada. O francês que é limpíssimo pode ficar horrorizado na feira dos paraíbas. Os mosquitos daqui picam e transmitem doenças. Temos remela, calcinha velha nas gavetas, cecê, piolhos, chulé, piriri, lombriga, ameba e zoamos das bailarinas. Cometemos pecado, temos febre amarela, verde, azul e branca. Rimos alto. Não temos pressa se formos baiano, tristeza se nortista, mau humor se cariocas e água se paulistas. Fornicamos. Trazemos a mulher amada em 3 dias. Contato em qualquer poste do país. Batucamos a vera e a brinca. Fazemos coisas impressionantes de última hora. Vide nosso carnaval, nossas moquecas, nossos estádios e tantas crianças bonitas!
Enfim, welcome!, bienvenue!, benvenuto!, willkommen! Aproveite bem a estadia e divirta-se como nunca!