Prêmio Saraiva – Toda a História

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A notícia:

Estava eu vivendo os meus dias normalmente, cotidiando pelas redes sociais quando sou freada por uma mensagem da Ariete, uma amiga do tempo em que trabalhava no Colégio Pentágono no início de carreira. Põe dez anos nisso. Elika, segue o link de um concurso que é a sua cara. Cliquei e dei de cara com as categorias do 1º Concurso Saraiva Literatura e Música: infantil, juvenil (crônicas) e adulto (romance). No edital, havia coisas sobre formatação, a importância de mandarmos um material anônimo sem qualquer coisa que indicasse quem somos e o prazo que era… no dia seguinte!

Corri para organizar os textos publicados aqui no Minha Vida é um Blog Aberto. Meu pseudônimo foi Catleia Proust, totalmente influenciada emocionalmente pelo livro de Marcel Proust que estava lendo na época (final de maio deste ano). Havia uma cena em que Swann, o personagem, cheio de desejo por Odete, mas com extremo cuidado para lidar com um grande amor que ela para ele se mostrava, pediu-lhe com todo o respeito para ajeitar a catleia, uma flor delicada que Odete usava como enfeite de seu vestido, que havia se desarrumado no seu decote em uma freada da carruagem. Ela, diante tamanha cerimônia respondeu-lhe em forma de um gesto que aproximou os seus seios das mãos do tímido rapaz: “Não seja tolo, bem vê que isso me agrada”.  Na noite seguinte, quando saíram novamente não havia catleias no vestido para serem arrumadas e Swann lamentava o fato: nada de catleias? Com o tempo, já mais adiante no livro, depois de reclamar da falta de catleia para ajeitar nos gestos beijava-lhe o colo e iniciava assim as carícias em Odete. “Fazer catleia” para Swann virou metáfora quando queria referir-se ao ato de possuir fisicamente Odete. Na verdade, “fazer amor” para Swann não era bem o que ele fazia com Odete porque com esta era um tipo de sexo muito diferente do que havia feito com todas as outras.  O prazer para Swann parecia-lhe, como  certamente foi, o prazer do primeiro homem que desfrutou a imagem das flores no Paraíso. Pois muito bem, quando estava a ler essa passagem, Ariete me mandou a tal mensagem. Parei tudo o que estava fazendo para organizar o material e mudar em todas as crônicas meu nome para Catleia Proust.

No dia 13 de Outubro, a Saraiva me ligou para dizer que estava entre as três finalistas. Não vou mentir dizendo que nem me lembrava mais que havia me inscrito, como já o fiz por aí. Não me desliguei um dia sequer e, lá no fundo, torcia por mim mesma sabendo que havia muitas chances de ser mais um livro perdido e esquecido no meio de tantos para análise das editoras. Gritei, chorei, morri, descabelei-me, gritei mais, chorei muito mais e morri várias vezes. A emoção foi indescritível. Ainda que não ganhasse o primeiro lugar, o livro seria publicado e eu estava entre as três primeiras de mais de 3 mil concorrentes. Catleia Proust bombou a vera.

Segue o link do vídeo da Saraiva em que mostra como reagimos todos ao receber a notícia. Não acredito!!!!! sou eu:

A cereja do bolo ainda estava por vir. A Saraiva promoveu uma grande festa para o dia da premiação (04 de novembro) que eu sequer imaginava que seria naquela magnitude. Na minha cabecinha, eu iria a São Paulo para assinar um contrato e conhecer os outros amigos escritores finalistas. No máximo, um almoço ou um jantar com todos nós. Qual o quê! Eles estavam organizando uma festa de arromba estilo entrega do Oscar prometendo a mesma emoção e suspense na entrega dos prêmios. Diante da possibilidade de levar mais convidados, contanto que arcasse com as despesas, levei, além do meu marido que estava como meu acompanhante oficial, meus três filhos, minha mãe, meu pai, minha empregada, minha sogra e meu sogro. E não levei Marie Curie, nossa cachorrinha, e Tobias Miguel, nosso hamster porque não dava.

Hideo, meu filho mais velho foi na sexta de ônibus para aproveitar o fim de semana em Sampa, Nara foi de ônibus no Domingo com minha mãe, meu pai e a empregada, Yuki foi de carro com minha sogra e meu sogro na segunda e eu e Nelson de avião. Houvesse barco, cipó e carroça à disposição mandaria mais alguns por esses meios.

Hideo em São Paulo sem mim:

Estou com saudade da minha mãe. Vim para SP antes dela e todo mundo aqui fica me chamando de “meu”. Eu vou pra um barzinho, nego me chama de “meu”! Eu vou para um restaurante, nego me chama de “meu”! Eu vou pra “balada”, nego me chama de “meu”! Isso é ser muito possessivo! Isso é muito doentio! Eu me sinto mal! Eu me sinto preso! Eu não sou de ninguém! Eu sou da minha mãe e ponto final!

Yuki antes de ir a São Paulo. Um pequeno relato:

Yuki vai comigo para SP na festa da premiação da Saraiva que será na noite de terça. Na verdade, todos daqui vão. Mas ele, hoje, estava chorando por causa disso. O que foi, filhote? Não quer ir? E ele respondeu apavorado: onde vamos tomar banho em São Paulo, mãe? Lá não tem água! Não vê jornal?

Daí eu contei sobre os franceses, sobre como os gatos tomam banho, sobre o poder dos lenços umedecidos, sobre como devemos nos adaptar às várias situações na vida, que isso pode acontecer com o Rio também  e vai ser legal viver a experiência antes, que nunca é bem assim como as pessoas falam, que bababá bububu e que era para ele tratar de se acalmar.

Ele estava ficando menos tenso depois daquela conversa. Mas depois de alguns segundos, ele me olhou assustado e perguntou:

– Mãe, mas quem é Alckmin?

Daí, fudeu.

Eu, no dia 02, sem ninguém perto de mim pela primeira vez em quarenta anos:

Estou sozinha em casa. Todos os filhos longe já em SP me esperando, marido vendo futebol na rua… Ninguém em casa! Raríssimo esse momento na minha vida e nada bom. Muito difícil o que estou passando agora viu. Tenho que superar um grande obstáculo… Comendo sozinha no quarto vendo televisão com o refrigerante do copo acabando, o prato ainda cheio, a geladeira longe e sem ninguém para gritar!

Sabe deus como vou superar essa…

Segunda dia 03 de Novembro: a chegada em SP.

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Fala sério!!!! Quando cheguei no aeroporto, já me senti importante. O dia foi repleto de atividades, ensaios para a festa que seria no dia seguinte a noite e bababá bububú. ‘Meu’ pra cá, ‘véi’ pra lá, conheci os editores, os organizadores, os amigos escritores e músicos, enfim, a festa já havia começado!

Não aguentei e postei no feicebuque:

Então, meu. A parada aqui é grande e chique. Muito mais do que imaginava. Estamos nos ensaios da festa da premiação. Meu, ceis nem acreditam… A categoria música faz a festa ficar muito mais emocionante! O prêmio será entregue pelo Zeca Camargo, meu. Fala sério. Maneiraço tudo isso, véi.

Agora vejam, temos todos que preparar discurso, caso fiquemos em primeiro lugar. Não pode falar de Aécio nem de Dilma no discurso. Pode agradecer a Deus, mas não pode pedir oração em conjunto. Achei justo.

Vou me sentir na festa do Oscar. Já estou me sentindo, pra falar a verdade. E dá-lhe ensaiar sorriso honesto caso fique em segundo lugar na classificação final!

Brincadeiras à parte, mesmo ficando em terceiro, saibam que estou mega feliz e grata a todos vocês que me apoiaram até aqui. Giga agradecida pela cumplicidade com os meus textos e carinho que vocês têm comigo. Muuuuuito obrigada. *-*

Não tenho dúvida, meu, vivo um dos momentos mais felizes de minha vida! Parece um sonho tudo isso!!!!

Em breve, mais notícias.

Beijos!!!!

Fiquei muito emocionada com a cumplicidade dos amigos virtuais e reais. Havia muito mais gente me lendo e torcendo por mim que sonhava a minha vã filosofia. Duzentas curtidas! Mas gente… mais essa emoção para lidar…

Não posso deixar de mencionar uma mensagem de uma ex-aluna Verônica Tomsci que, ao final de uma explanação linda para lá de carinhosa, assim me escreveu

Por tudo isso, quero lhe agradecer muito e dizer que estou torcendo por vc!!! Que os seus alunos saibam aproveitar muito bem suas aulas, mas tb percebam que vc é uma professora que extrapola os muros: nos ensina a viver!

Mas gente… é muita coisa para eu administrar… Sem contar outra ex-aluna que estava fazendo um trabalho na faculdade sobre exposição na rede social e pediu para me entrevistar via messenger para aproveitar o calor do momento e coisa e tal e ainda fazer propaganda do meu blog. Coisa rápida disse Maira Maia. São só três perguntinhas, prófe!

1-Seus textos,postados tanto no blog quanto no face,são bem pessoais. Você fala abertamente sobre situações inusitadas,momentos com a família, posicionamento político e ético, seu carinho pelos cachorros e pelo subúrbio,… Enfim, sobre a Elika . Esses textos lidos, curtidos,compartilhados e comentados por pessoas de várias faixas de idade. Eles atingem alunos,colegas de profissão e amigos. Nem sempre com pensamentos compatíveis ao seu. Quando começou a publicá-los pensou na proporção que isso poderia tomar? O saldo da exposição tem sido positivo?

2-Várias publicações suas contam de um jeito espontâneo e bem humorado acontecimentos do cotidiano . E é comum ler narrações de histórias envolvendo seus filhos. Algum deles já se queixou dessa exposição? Já ficou em saia-justa com eles?

3-Atualmente fala-se muito de cyberbulling, redes sociais e vícios cibernéticos envolvendo crianças e adolescentes. Como mãe,blogueira e educadora, qual a dica para ensinar nossas crianças a usar com segurança essa ferramenta?

Acreditem, na van ao caminho do hotel respondi as três perguntas me sentindo a tal. Antes de sair da van, coloquei os óculos de Sol e quase saí dando tchau para desconhecidos. Era meu dia de princesa. *-*  Perdoem-me se estava completamente alucinada.

Segunda dia 03 de Novembro: o vídeo

Durante a tarde, os finalistas gravaram um vídeo. Os organizadores faziam várias perguntas e tínhamos que responder. Em verdade vos digo, eu consigo escrever emocionada, pensar e coisa e tal diante um teclado, mas diante uma câmera de filmagem,  eu falo como se tivesse me perdido da minha mãe no supermercado. De todos que aparecem, eu fui a pessoa para qual eles mais tiveram que parar, limpar a maquiagem escorrendo, me acalmar e ainda assim quase não deu pra mim:

Muita emoção mesmo. :,)

Hoje, na entrevista após o ensaio da premiação (que será amanhã a noite), me perguntaram: Pelas mãos de quem você gostaria de receber esse prêmio?

Pensei.
Pensei.
E pensei.
E respondi:

Pelas mãos da pessoa que mais vibra com tudo que eu faço e que mais entende as entrelinhas e o meu silêncio: minha filha Nara.

*-*

Hideo quando soube da minha resposta ameaçou a pular em frente a um carro (que estava parado no sinal)e depois saiu correndo pela Consolação dizendo que ia se matar comendo cachorro quente com purê. Corri atrás dele e taquei-lhe uma bolacha negresco para ele relaxar. Ele engoliu a guloseima e a minha justificativa; reconheceu que Nara é mesmo o que há de melhor pro momento. Amém.

Ter filhos é bom. Mas tê-los como parceiros e principais incentivadores pra qualquer parada é o Verdadeiro Paraíso.

Aniversário de Nelson:

A noite do dia 03, havia mais a comemorar: Nelsim, meu marido, estava completando 42 verões intensos. Fomos na pizzaria Speranza, tradicionalíssima em Sampa, no Bixiga.

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Voltando para o hotel…

Se eu contasse, ninguém acreditaria. Mas eu vim aqui para São Paulo, peguei um táxi e quem era o motorista?!? Daí que ele ainda resolveu nos contar uma puta história! E a viajem já estava boa! Fala sério!!!! Para provar que não estou mentindo qdo digo que vi o homem, filmei. O melhor passeio sempre é pelas pessoas, não?

Eliziauro Coelho. E ainda tem esse nome mega maneiro…

Terça dia 04 de Novembro. Durante o dia

Tínhamos o dia livre e aproveitamos para fazer manifestação. Pela quantidade de filhos que fiz na vida conseguiríamos parar mole mole a Paulista. E assim fizemos:

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Rolou árvore genealógica no parte Ibirapuera:

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E mais ibirapueradas:

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Terça dia 04 de Novembro. A Festa da Premiação

Contei com a surpresa de amigos de longa data, o grande artista Eric Santos! Meus filhos só o conheciam de tanto ouvirmos o CD dele direto no carro. Foi uma festa a parte essa presença!

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E eis que um dos maiores artistas plásticos hoje da humanidade foi lá me prestigiar: Sergio Ricciuto!!! Ricci é meu amigo e quem ilustrou o meu livro Isaac no Mundo das Partículas que tratei de levar para lá impresso e entregar nas mãos dos editores. Não podemos perder oportunidade, né? Vai que…

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Se Leonardo não fosse, eu o mataria!!!!

Nara, minha filha, sempre alegrando mais ainda cada minuto de minha vida:

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Filhos dançando na festa:

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Meus pais e Lucimar, meu braço direito que mora comigo há 16 anos:

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Meus sogros:

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Minha família:

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Yuki, meu caçula, no meio da festa Saraiva fazendo o que?

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A Premiação:

A cerimônia da Premiação, como disse, foi festa de entrega de oscar realizado no Instituto Tomie Ohtake.

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Apresentado por Zeca Camargo:

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Na categoria infantil, para apresentar cada livro ao público, eles fizeram uma pequena dinâmica teatral com os personagens dos livros. Simplesmente lin-do!

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Ao final das apresentações, anunciaram o primeiro colocado, logo em seguida o segundo e o terceiro. Somente o primeiro poderia fazer discurso.  E assim, foram com as demais categorias.

Na categoria Literatura Infantil, ficamos assim:

1º lugar: Jacqueline Lopes Salgado Soares (Bauru/SP)

2º lugar: Christian Nectoux David (Porto Alegre/RS)

3º lugar: Valquíria Gesqui Malagoli (Jundiaí/SP)

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Depois, seguiu a apresentação de um dos finalistas na categoria música:

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Por sua vez, seguida da premiação final da categoria crônicas, a minha. E ficamos assim:

Literatura Juvenil – Crônica

1º lugar: Vanessa Luiza Martinelli Levandowski (Joinville/SC)

2º lugar: Elika Takimoto (Rio de Janeiro/RJ)

3º lugar: Carlos Augusto de Almeida (Três Rios/RJ)

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Para nossa categoria, houve uma animação de uma de nossas crônicas. Foi muito emocionante ver uma crônica ilustrada! Essa animação, eles ainda não divulgaram. Uma pena. Mas assim que eles resolverem mostrar para nós de novo, eu darei um jeito de compartilhar com vocês.

Mais música. Agora um som muito louco de Pernambuco. Adiel. Amei Adiel.

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Tirei foto com as meninas do grupo e com ele. Não resisti a Adiel Luna e Coco Camará:

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Na categoria romance, ficamos assim:

Literatura Adulta – Romance

1º lugar: Andreia Fernandes Soares Leite (Rio de Janeiro/RJ)

2º lugar: Mauro Vieira Maciel (Florianópolis/SC)

3º lugar: Evaldo Balbino da Silva (Belo Horizonte/MG)

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Para anunciar a história do livro deles para o público, eles simplesmente fizeram algo que se iguala a um trailler de um filme roliudiano. Arrepiei…

Mais música:

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E na categoria música, ficamos assim ao final:

1º lugar: Zé Vito (Rio de Janeiro/RJ) – Álbum: Já Carregou

2º lugar: Adiel Luna (Recife/PE) – Álbum: Adiel Luna e Coco Camará

3º lugar: Rapha Moraes (Curitiba/PR) – Álbum: La Buena Onda

Final de festa:

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Eis o vídeo do que foi um pouquinho dessa grande festa:

E termino com a imagem da segundona aqui que vos conta essa história mega feliz e que levantou esse troféu maravilhoso de lindo com muita mas muita alegria no peito.

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Apresento-me oficialmente e sentimentalmente agora como uma escritora.

Obrigada, Saraiva, por ter me dado a oportunidade de viver esse sonho que sequer sonhava de tão sonho que era.

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E a notícia da festa saiu em vários jornais!

Lá em Vitória:

http://m.folhavitoria.com.br/entretenimento/noticia/2014/11/premio-saraiva-de-literatura-e-musica-anuncia-vencedores.html

No Tocatins:

http://www.jornaldotocantins.com.br/editorias/arte-e-vida/pr%C3%AAmio-anuncia-vencedores-1.704394

No MaxPress:

http://www.maxpressnet.com.br/Conteudo/1,715966,1_Premio_Saraiva_anuncia_vencedores,715966,1.htm

No Gazeta do Povo:

http://rascunho.gazetadopovo.com.br/noticia/1o-premio-saraiva-anuncia-vencedores/

No Estadão:

http://m.estadao.com.br/noticias/cultura,premio-saraiva-de-literatura-e-musica-anuncia-vencedores,1588039,0.htm

2 comentários em “Prêmio Saraiva – Toda a História

  1. Lindo, lindo, Elika!! Me emocionei muuuuuito com seu relato e sua mais que merecida vitória. Agora não paro de sonhar com meu livro autografado rsrsrs bjs procê e, sei que vc não cridita mas sou mãezona, Deus te abençoe sempre!!!

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