Durma bem, meu menininho.

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A cena de um menino de três aninhos morto por afogamento na costa turca tirou-me do equilíbrio. Assim que vi a foto da criança, sozinha, gelada, me deu vontade de cobri-la, niná-la, pedir perdão por tudo e colocá-la na caminha como qualquer criança merece para ela continuar seu sonho.

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Sei que há crianças morrendo no mundo inteiro e muitas até bem perto de nós. Mas há um elemento que fez toda a diferença nessa tragédia dos refugiados. Um elemento que se talvez não existisse não iríamos ficar tão tocados: a fotografia. Mais uma vez, a arte fez o seu papel na história. Sensibilizou. E muito. De uma forma ímpar.

A posição dessa criança ainda com tênis como se estivesse dormindo, com o mar e a areia como colchão tem, diria, algo da quarta dimensão. Coisa digna de Sebastião Salgado que dá o recado que mil discursos lindíssimos não conseguem nem chegar perto.

Se fosse uma fotografia de vários mortos não chocaria tanto. Por que? Não sei. Mas sei que chargistas do mundo inteiro ilustraram o fato e, também, mais uma vez, fizeram o seu papel. Ajudaram a comover mais ainda e melhorar o que já estava bom, ou melhor, piorar o que já estava pra lá de indigesto. Coloquei aqui nessa postagem, as charges que mais me emocionaram.

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Essa comoção toda talvez tenha acontecido pela posição em que a criança está. Parece que está dormindo e imediatamente temos vontade de tirar o tênis da criança, cobri-la e colocá-la em um lugar melhor, para ser mais exata, em um mundo melhor para ela ressonar.

Eu não entendo bulhufas de história. Leio leio sobre o Oriente Médio e o resto do mundo com aquela região e fico igual ao Yuki, meu caçula de oito anos, querendo entender o racismo. Não adianta. Não entra na minha cabeça como um ser humano faz tanta coisa ruim com outro.

Desgraçadamente o menininho que jaz na foto e nas charges é “apenas” um dos milhares de mortos que perdem a vida nas viagens de imigrantes desesperados para a Europa.

Não foi acidente, minha gente. Tudo isso e muito mais poderia ter sido evitado. Eu não sei exatamente a causa de tamanha desgraça, mas está claro que há falta de amor. No mundo está faltando muito amor. E sobrando ganância.

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A questão central colocada frente ao avanço da barbárie capitalista que vem deixando um rastro de morte na Europa é a necessidade de superar a agonia do capital. Qual o caminho? Penso eu que não há outra vereda a não ser o da violenta demolição da sociedade de classes e o da construção revolucionária de um novo modo de produção baseado na solidariedade e no internacionalismo.

Enquanto isso não acontece, colocamo-nos ao lado do menininho e sonhamos sim que ele está dormindo e acordará para brincar nessa praia e nadar nesse mar que o trouxe para todos nós.

Durma bem, meu menininho.

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6 comentários em “Durma bem, meu menininho.

  1. Esses povos adquiriram a indiferença com relação aos povos que são perseguidos desde muito tempo, essa indiferença causou a desumanização deste povos por quem os perseguem. Como dizia Charles Chaplin: Não precisamos de mais máquinas e sim, precisamos de mais humanização.

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