Acabei de ler para o Yuki Fábulas de Monteiro Lobato. Meu caçula de nove anos ficou triste como ficamos ao terminar uma deliciosa viagem. Na tentativa de resgatar o humor dele, propus um jogo que chamei de Jogo do Bicho.
– Seguinte, meu filho, eu falo um bicho e você o descreve para mim e vice versa, valeu? Três, dois, um… avestruz!
– É o bicho que come de tudo. Igual a você. Agora eu:Borboleta!
– Pisca com as asas como as pálpebras quando estamos apaixonados. Algumas moças se comparam a elas. Grande injustiça com as borboletas. Cigarra!
– São artistas. Tudo gente boa. Mas quem escreveu as fábulas não curte muito o estilo musical delas. Cegonha!
– Cegonha…ih coitada. Pagam pelo crime que não cometeram. Muita gente põe culpa na Cegonha… Touro!
– É um boi com um quê a mais. Tipo mais feliz ou mais completo. Sei lá. Parece mais macho mas também tem mais chifre…
– Faz sentido, meu filho… jacaré!
– Sorriem como sorriem os ladrões. Dragão!
– Dragão não é bicho, Yuki. Nem tem nas fábulas. Mas vamos lá. É um bicho inventado e completamente desmoralizado por São Jorge. Girafa!
– Não existe.
– Como não, Yuki? Você já viu no zoológico até!
– Não acreditei que fosse real. Não existe. Peru!
– Primo pobre do pavão. Essa foi mole.Elefante!
– Gigante. Como você, mãe.
A brincadeira acabou porque não dá para falar e beijar ao mesmo tempo.