Parte de uma Poesia

vitrine

Estava andando pelo comércio esquizofrênico de Madureira quando passei por uma loja de brinquedos e parei em frente a vitrine para olhar uma opção de presente para Yuki, meu caçula de nove anos. Poucos segundos depois, uma menininha negra com uns olhos que mais pareciam duas jaboticabas parou ao meu lado acompanhada de sua mãe. A criança estava extasiada com uma boneca que parecia um bebê de verdade.

– Jaque, mamãe já falou que não tenho dinheiro para comprar essa boneca!
– Mãe, não estou pedindo para você comprar ela para mim. – disse Jaque calmamente – Eu só quero admirar ela por mais tempo…

Fiquei a contemplar a cena a tempo de ver escapar uma lágrima furtiva da mãe. A menininha estava com um semblante feliz. De fato, não parecia querer possuir a boneca. Observava o brinquedo como observamos uma rosa vivendo em uma roseira.

– Podemos voltar amanhã de novo para eu ver ela mais um pouquinho?

E esse foi o meu presente para o Yuki: a honra de poder fazer parte de uma poesia.

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