Hoje fui andar pelo caminho de Ogum e Iansã que tem tiro até de manhã e uma briga em cada andar. Tinha que resolver algumas coisas e Madureira é o meu lugar.
Entrei em um salãozinho de esquina para fazer as unhas. Minha manicure oficial, a Marilene, não quis descer o morro ontem para me dar um trato porque tinha um corpo ali no Morro do Fubá e ela achou melhor eu ficar feia e ela com vida. Achei justo embora tenha lamentado tudo isso que estamos vivendo aqui.
A manicure de hoje, a Josi, me disse que mora em Santa Cruz.
– Mas, Josi… não tem salão ali mais perto para você?
– Tem. Mas eu não quero. Odeio trabalhar perto de casa. O que seria da minha vida sem o pagode do trem? Sem a alegria da galera na estação de Madureira? Sem as conversas engraçadas no muquifo do vagão que sai daqui? Prefiro trabalhar longe, menina. A vida fica bem mais divertida… ainda mais quando se vem para cá…
Enquanto ela falava, fiquei a pensar nas minhas horas solitárias dentro do carro e o quanto lamento não ter como ler ou com quem conversar nesses longos engarrafamentos que a vida nessa Cidade Maravilhosa oferece…
Na volta, passei andando por um posto enorme bem na esquina da minha rua onde tem um lava-jato. No lugar dos carros, havia um bando de mendigos sendo lavados pelos meninos do posto. Uns escovando outros sendo ensaboados… Todos gargalhando. Era a verdadeira operação Lava Jato que o Brasil inteiro deveria testemunhar. Coisa linda de se ver, gente. Só não fotografei porque aqui onde é cercado de luta e suor, esperança em um mundo melhor e cerveja para comemorar as coisas andam tensas para quem fica exibindo celular a torto direito.
Enfim, o pau está comendo como vocês estão sabendo aqui em Madureira. Mas, olha… tirando isso… que doce lugar é esse que é eterno no meu coração e aos poetas traz inspiração pra cantar e escrever…
Hey, Elika.
Te indiquei na minha postagem sobre o prêmio Dardos (https://meialuacheia.wordpress.com/tags/).
Espero que goste. Tenha um ótimo fim de mês, beijones 😉
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Cada vez que leio vc … vou preenchendo lacunas de um projeto educacional que mal tenho traços, vindo de minha juventude, passante por uma comunidade com muita gente boa (fomos abortados) e segue na minha imaginação na sobrevivência diária sem tempo para devaneios, ainda … mas é a minha utopia, como ouvi outro dia, que me faz caminhar… Sempre grato por ouvir vc neste silêncio virtual…
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