
– Dona Elika, terminei todo o serviço da senhora.
– Ok, Edivaldo. Bora fazer conta.
– Então, comprei umas coisas como a senhora falou.
– Quanto deu?
– 679 reais.
– Cadê as notas?
– Tudo aqui, dona Elika.
– Só essas duas?
– Sim, dona Elika. Uma de 123 reais e outra de 28 reais.
– Porra, Edivaldo! E desde quando isso vai dar 679 reais?
– Ôxi, dona Elika. Deu não? Mas olha. Tô contando a minha ida a loja. Não falei que cobro para ir comprar não?
– Ok. Entendi. Olha, esqueci de te falar. Cada prato de comida aqui eu cobro 85 reais. E copo d’água 15 reais.
– Vixi maria, dona Elika. Eu comi pouco essa semana. Mas se é assim, cada dobradiça eu cobro 200 reais para trocar.
– E que dobradiça você trocou aqui, Edivaldo?
– Ôxi, dona Elika. E tu não sabe que eu vou trocar essas dobradiças todas dessa casa
– Porra, Edivaldo! Quer me visitar pode vir, mas deixa as dobradiças! E outra coisa, posso pagar o restante mês que vem?
– Mas daí vai ser outro preço.
– Como assim?
– Temer assumiu, dona Elika, o governo mudou. Se deixar para pagar depois vai ser mais caro.
– Porra, Edivaldo!
– Paga quando a senhora quiser. Volto depois para mexer nessas portas todas.
– Deixa minhas portas em paz.
– Semana que vem passo aqui. Vou começar por essa da cozinha…
É isso, minha gente. Tudo funcionando aqui em casa. A gente aperta e as budega liga. Impressionante… O progresso, enfim, chegou em Madureira.
E Edivaldo trouxe ainda mais luz em minha vida com seu carinho, sua gaiatice e sua amizade…