Literatura Africana

africa_ii_02

Outro dia, tive contato com a literatura africana. Fiquei chocada com o primor dos textos. Desconhecia-os por completo e – que horror, que vergonha de dizer isso – mas, me peguei surpresa dizendo: caraca, eles fazem literatura nível Saramago! Perdoe, meu pai… eu pequei.

Vale observar, tive dificuldade em adquirir os livros. Foi um trabalho de garimpo da minha parte. E fiquei pensando: por que diabos não falam sobre isso? Em que eles diferem em genialidade dos escritores portugueses, franceses, alemães…? Respondo agora: em nada.

Daí, peguei-me refletindo (impulsionada por Jessé Souza) que todas as vezes que ouço o termo “cultura africana” só o vejo fazendo conexão com dança, batuques, macumba, comida e isso não deixa de ser também uma “discriminação”. Claro que tudo isso são saberes, mas que diferem dos outros ditos europeus. Estes últimos estão sempre ligados a algo intelectual como música clássica, artes plásticas, livros, ciência…

A velha dicotomia corpo e mente… sendo que associar a cultura africana somente ao corpo não deixa de reforçar a superioridade da outra cultura, pois o que se faz com o intelecto tem (não sei por qual razão) um status maior sobre o que se faz com o corpo.

Assim como na literatura, acreditei que se há muitas formas de se fazer ciência, pensar sobre o mundo, filosofar, lidar com a natureza, os africanos devem ter muitas coisas escritas, mas simplesmente não são divulgadas.

Hoje, graças aos meus garimpos, quando ouço “cultura africana” o conceito dentro de mim se modificou. Está muito mais ampliado.

—————————–

Em termos de filosofia, não há quase nada em português dos grandes filósofos africanos como Kwame Anthony Appiah, Kwasi Wiredu, Léonce Ndikumana e Séverine Kodjo-Grandvaux.

Já na literatura, encontramos alguns livros traduzidos de Wole Soyinka, Nadine Gordimer, Naguib Mahfuz, Ngugi Wa Thiong’o e Okot p’Bitek, entre outros. Alguns são vencedores do Nobel. Achar escritoras é outro garimpo, mas encontrei livros de Amma Darko, Flora Nwapa, Buchi Emecheta e Mariama Ba. Fácil de encontrar temos Mia Couto, José Eduardo Agualusa e José Luandino Vieira.

——————————

Segue o link, caso queiram ler alguns textos que achei interessante:

http://filosofia-africana.weebly.com/

4 comentários em “Literatura Africana

  1. Conhecer outras culturas abre o nosso horizonte! Já presenciei esse pré-conceito sobre a imagem do Brasil: uma vez, quando um estrageiro me perguntou a minha origem e disse que era brasileira, ele me questionou se havia energia eletrica, tv, carro e se eu andava com roupa (! rss) , pois para ele no Brasil só existiam índios e carnaval… Beijins Claudia

    Curtir

  2. Amo literatura africana!! Sempre uma surpresa… Mia Couto está no meu coração, meu livro favorito dele é “O Último Voo do Flamingo”. Falei sobre esse livro no meu blog e também esta semana sobre o livro infantil, do Mia, um livro sobre Medos: “O Gato e o Escuro”.
    Dê uma passadinha!
    Bjs e boas leituras!
    Val
    http://1pedranocaminho.wordpress.com

    Curtir

  3. Não só a literatura. A música produzida na África é literalmente desconhecida por aqui. O único que talvez seja lembrado seja Youssou N’Dour (por causa da sua parceria com Neneh Cherry “7 seconds” e por causa da trilha sonora de Kiriku) e… Paul Simon, por causa de seu álbum “Graceland” que ele gravou com alguns músicos da África do Sul. De resto, uns 20 anos antes, a defunta EMI soltou (no exterior, claro!) uma coleção chamada HEMIsphere, onde vários artistas africanos estavam representados). Tive a sorte de comprar um de Kante Manfilia, “Ni Kanu”.

    Curtir

Participe! Comente você também!