Amemos

O amor que faz sofrer
o amor romantizado
que gera dependência física
e o outro enciumado
é uma invenção do ocidente.
Vejamos um outro lado
de um povo mais equilibrado
que medita e equilibra a mente.

O amor se é autêntico,
dizem os budistas,
jamais trará lágrimas ou peso
porque quem te quer bem
não está buscando apego.
O amor se é romântico
tal como no Brasil
é algo bem masoquista
neurótico, psicótico,dramático
não se expressa no silêncio
e sim na euforia
de ter enfim encontrado
dentre brinquedos mil
um motivo de alegria.

A felicidade que conhecemos
(assim, ao menos, aprendemos)
está nas relações amorosas
que nos faz dizer “eu te amo”
quando vivemos horas prazerosas.
Não importa se existe uma razão
para o outro agir de um jeito
mas deixamos de amá-lo
quando não nos damos por satisfeitos.
Percebam quando dissemos:
“gosto quando sou tratada assim”
“não curto quando age assado”…
nosso bem estar é todo auto centrado
somos de nossas sensações um grande escravo
e totalmente cegos para o parceiro.

Ampliando o referencial
indo além de uma visão egoísta e estreita
desenvolvemos mais liberdade
frente a essa prisão tão malfeita
que só gera ansiedade
e que pouco se aproveita
pois o amor tem significados
que permitem outras colheitas

O ser amado não pode estar sob nosso controle
O verdadeiro amor é incondicional
ninguém pode ser nossa fonte de felicidade
pois a transitoriedade de sentimentos
é o que nos há de mais natural!
Então, para que comprometimento
com algo conjectural?

Quando amamos de um jeito oriental
pensamos no que vamos oferecer
e em nada do que temos a ganhar
como vamos fazer a qualidade florescer
no outro e lhe ajudar a transformar?

Ficamos bem atentos e sensíveis as causas que produzem bem e mal estar
não em nós mas em quem estamos a namorar.
Carência, raiva e decepção
não encontram condições para aparição
pois o amor e o carinho pelo outro
só podem ser suscetíveis
se primeiro nos bastarmos
e formos nossos próprios combustíveis.
Alguém aqui foi criado na Índia,
Tailândia, China ou Japão?
Então esquece tudo isso
porque faz nenhum sentido não…
Amor budista é muito bonito
mas inexiste tal qual o gabarito
daquele filósofo Platão

Amor de verdade é amor católico
hiperbólico, sistólico, alcoólico
Amor Umbanda, messiânico, evangélico
anabólico, metafísico, aristotélico
que ao perder o ser amado de vista
a paz vai junto
pois somos bem mecanicistas
Dado a saudade vem o desespero
Dado a ausência choramos de joelhos
Fim do mundo
Porque auto estima não é nada metabólico
em todos nós que somos brasileiros.

Queremos nossa metade da laranja
Queremos a tampa de nossa panela
Queremos ser felizes daquele jeito
Que vemos em todas as novelas…

Portanto, me liga por favor
não me deixe nunca mais
porque você é meu novo amor
a lá Fafa de Belém e Vinicius de Moraes
intenso, enlouquecedor
E eu não vou te esquecer jamais.

 

2 comentários em “Amemos

  1. Esse amor que sei que não tive e nem terei, mas no entanto desorientado busco, só existe, mesmo, nos versos dos que deliram mais que eu…

    Curtido por 1 pessoa

  2. O Amor Fino
    O amor fino não busca causa nem fruto. Se amo, porque me amam, tem o amor causa; se amo, para que me amem, tem fruto: e amor fino não há-de ter porquê nem para quê. Se amo, porque me amam, é obrigação, faço o que devo: se amo, para que me amem, é negociação, busco o que desejo. Pois como há-de amar o amor para ser fino? Amo, quia amo; amo, ut amem: amo, porque amo, e amo para amar. Quem ama porque o amam é agradecido. quem ama, para que o amem, é interesseiro: quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, só esse é fino.

    Padre António Vieira, in “Sermões”
    Frase de São Bernardo

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