Farei a festa no inferno


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Eu sou ateia e leio de tudo. E se tem algo que gosto de ler, por cultura e pelas histórias bizarras que deixam no chinelo livro censurado pelo MEC é a Bíblia. Mas o que eu gosto mesmo nas Sagradas Escrituras é o Novo Testamento. Sei praticamente de cor as falas de Jesus.

Daí que eu fico vendo esses pastores evangélicos que estão no congresso falando e percebo o quão safados esses caras são. É “faça o que eu digo e não o que eu faço” nível hard. Diria você para eu deixá-los em paz. Poderia… se eles não tivessem na liderança desse House of Paranauê chamado Brasil e se metendo nas leis que me regem também e estão longe de ser divinas.

Em verdade vos digo: Esses pastores nada entendem de Jesus. Eu que não acredito naquela história toda sem pé nem cabeça mas que acho linda e extremamente simbólica afirmo que se eles seguissem Jesus estariam agindo da forma contrária a que estamos vendo.

E se quiserem mesmo sair proibindo livros e só deixar a Bíblia para educarmos nossos jovens a la Escola Sem Partido, melhor dizendo, Escola com Mordaça, em verdade vos digo, farei a festa no inferno.

Mire veja.

Há uma passagem clássica quando um jovem rico quer ser amigo de Jesus. O “Filho de Deus” disse que, para isso, o cara tinha que doar tudo para os pobres. E, então, proferiu a célebre frase: “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”.

Ora ora… Não há líder dessa comunidade evangélica dentro da política que eu conheça pobre. Aliás, o discurso que tenho acompanhado de Malafaias, Bolsonaros, Felicianos e coisas afins é que se os fiéis acreditarem e fizerem o que eles mandam, os pobres terão o que os ricos têm porque “Deus dá em dobro”.

Dízimo com quem andas e eu te direi quem tu és.

(Se houver algum que não seja rico, por favor, me falem. Não quero ser injusta.)

Se formos mesmo usar a Bíblia nas escolas como estão querendo, vocês do Escola com Mordaça, defensores da Família Tradicional Brasileira e a favor das propostas de Alexandre Frota, deveriam ter muito mais medo de Jesus do que de Marx e Engels.

Jesus se não era comunista era radicalmente contra um sistema que permite que uns tenham de tudo e outros quase nada. E mais! Jesus estaria a favor, certamente, das políticas sociais instaladas no Brasil. Pois ele foi O Cara que distribuiu pão e multiplicou os peixes e só depois é que ensinou a pescar porque sabe que quem tem fome tem pressa.

Jesus seria contra essas reformas todas que só prejudicam os pobres e seria #foraTemer nas cabeças. Petralhudo, mortadelaço ou algo que o valha.

Jesus era um típico pé rapado. Vivia descalço de vestidão, parecia que nunca viu um pente e uma tesoura para aparar aquela barba. Ele era contra o consumismo, meus alunos. Percebem? Não tinha vaidades, não usava terno e maletas, principalmente, não tinha preconceito algum.

Jesus não julgou ninguém. “Atire a primeira pedra aquele que…” é A Frase mais LGBTT que eu já vi nesse mundo. “Não faça com os outros aquilo que você não quer que façam com você” resume todo o resto. Se cada um seguisse esse mantra, ah que mundo melhor não teríamos… sem pastores safados como estamos vendo sobretudo liderando nosso país.

Eu tenho a impressão, meus alunos, de que se Jesus voltasse, a primeira coisa que ele faria era tacar uma bomba (no sentido metafórico ou quem sabe mesmo literal) em várias Igrejas que doutrinam as pessoas e as obrigam praticamente a selecionar somente um tipo de amor que lhes é permitido e ainda por cima lucram exorbitantemente falando coisas que Jesus jamais proferiu e vendendo de tudo com a Sua imagem.

Há uma passagem que eu adoro em que Jesus chega chutando literalmente o pau da barraca. Quando ele chega no Templo de Jerusalém e vê um punhado de gente vendendo vários badulaques, Jesus fica possesso e sai quebrando tudo. O que ele faria no Templo do Salomão? Ou vá lá, no Vaticano? O que ele faria vendo Malafaia oferecendo todos os dias produtos em sua rede? Jesus queimaria pneus no meio de estrada contra medidas que estão querendo nos impor que prejudicam a classe trabalhadora? Vamos debater esse tema, turma.

A verdade, meus alunos (já me vejo dando aula) é que se Jesus voltasse, ele seria crucificado de novo. Exatamente pelas pessoas que falam diariamente em Seu nome e me obrigam a isso.

Dissertem sobre.

13 comentários em “Farei a festa no inferno

  1. Perfeito texto. Mas nem todas igrejas evangélicas estão na mesma vala. Conheço uma que tem mais de 100 anos no país, não tem participação política e seus pastores não recebem salarios. Claro, nem todos desta religião são corretos, afinal onde tem ser humano tem problemas, mas é a mais diferente entre as outras que estão aí.

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    1. Sou SUD e nossa igreja não usa a mídia pra pedir dinheiro,não apoiamos políticos nenhum e nosso sacerdócio não recebe salario algum,nossos missionários trabalham por dois anos servindo a Jesus com seus próprios recursos…os membros não são explorados,pelo contrário,são ajudados qdo precisam.Sou Mórmon.

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  2. Texto maravilhoso, porém hoje a igreja católica realiza muitos serviços humanitários que ninguém percebe, porque eles não fazem propaganda de suas benfeitorias.
    Por isso penso que o Vaticano é um mal necessário.

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  3. O problema maior é essa necessidade humana de seguir algo ou alguém.Todas as religiões são usadas por pessoas ditas “espertas”em benefício próprio o que tem que mudar é a mente das pessoas para se conscientizarem de que se existisse um deus que realmente cuidasse dos necessitados não teríamos tantos canalhas políticos,pastores,padres numa boa enquanto o 99% só se fode,né.

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  4. Olá, Elika Takimoto!
    Gosto dos seus escritos. Aprecio sua maneira inteligente e leve de abordar temas diversos, desde coisas do cotidiano até questões profundas. Geralmente você faz suas colocações de uma maneira equilibrada e justa, abrindo espaço para uma interação ativa do seu público. Falando sobre a questão do “financiamento” da religião e do enriquecimento de “líderes religiosos” você pediu para que se lhe apresentasse algum fato que fosse na contramão das notícias frequentes que observamos na mídia. Pesquisando sobre as Testemunhas de Jeová, encontrei um livro que trata da história desse grupo religioso, a seguinte informação. ” Nenhum dos membros do Corpo Governante nem os diretores das sociedades jurídicas, tampouco quaisquer outras pessoas de destaque associadas com a organização lucram financeiramente em resultado da obra das Testemunhas de Jeová.
    Sobre C. T. Russell, que serviu por mais de 30 anos como presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA), um de seus associados escreveu: “Para avaliar se seu proceder se harmonizava com as Escrituras, também para demonstrar sua própria sinceridade, ele decidiu testar a aprovação do Senhor conforme se segue: (1) devotar sua vida à causa; (2) investir sua fortuna na disseminação da obra; (3) proibir coletas em todas as reuniões; (4) depender de contribuições não solicitadas (inteiramente voluntárias) para dar continuidade à obra depois de esgotada sua fortuna.”
    Em vez de usar a atividade religiosa para adquirir riquezas materiais, o irmão Russell gastou todos os seus recursos na obra do Senhor. Após sua morte, The Watch Tower noticiou: “Ele dedicou sua fortuna particular inteiramente à causa em favor da qual deu a vida. Recebia a soma nominal de 11 dólares por mês para despesas pessoais. Morreu sem deixar patrimônio algum.””

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  5. Bom dia Elika.
    Já estou neste planeta há mais de 6 décadas. E quanto mais o tempo passa e aumenta a população, maior a reprodução do que existe de pior no animal humano. Doze pessoas apareceram para comentar. No meu cotidiano, ficaria extremamente feliz se encontrasse meia dúzia com capacidade crítica, e capaz de pensar além dos clichês. Bom saber que você existe.

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