Só vai dar eu, gente.

 

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Eu chegando em Joinville

Sou dessas que não deixam qualquer um mexer em mim. Isso vale para tudo: cabelo, cabeça, dente, unha, pé, coração… O meu corpo, de uma forma geral, tem lá suas resistências (e seus motivos para elas) para ser tocado mesmo que seja por um profissional.

Por isso, é uma luta eu me dar bem com um médico (porque preciso que ele converse muito comigo antes para eu ganhar sua confiança, coisa que muitos deles não fazem), eu mesma me depilo fazendo altas manobras (não sem antes me alongar muito), eu mesma cuido de minha juba (chegando até a cortá-la ultimamente) e quase estava ficando virgem antes de conhecer o Pipo.

Mas isso é papo para outra hora…

Quero lhes contar sobre Marilene, a minha manicure há mais de dez anos.

Fiquei puta hoje com Marilene pela milionésima vez.

Marilene sempre chega na hora do almoço. Adoro. Porque faço o pé enquanto me alimento, isso quando ela não come comigo.

A perua sabe tudo da minha vida. Dos babado tudo mermo. Divã pra gente é pinto. Falamos de profundezas enquanto vou ficando mais delicadinha.

Mas a danada insiste que eu tenho que sair lacrando, razando, só dando eu pelas ruas de Madureira, pelo Cefet e nas palestras que ministro por aí. Ela sempre reclama das minhas opções de cor de esmalte que vão do nudes claro até o nudes escuro. Vario com um clarinho tipo leite, de vez em quando.

Amo.

Marilene não suporta.

E dá-lhe bate-boca sempre.

Hoje a bicha tava atacada. Quando me viu puxando um esmaltinho lindo transparente com cor de arroz cozido, arrancou o vidro da minha mão.

– Ah não! Chega disso! Trouxe um de casa para você lacrar e razar. Só vai dá tu!

E me mostra um roxo-cintilante-tipo-halloween.

– Marilene, pelamor. Tá doida que vou colocar uma coisa dessas na minha mão! Eu?! A princesinha fofa de Madur…

– Dá aqui! Dá aqui!!! – e agarrou a minha mão direita com cara de miga-sua-loka – Não saí de casa para passar esmalte sem graça em você! Vai ficar lindo. Fica quieta calabôca.

Era eu puxando de um lado e Marilene sentada em meu braço para conseguir pintar minhas unhas do outro.

Momento tenso aqui no barraco.

– Terminei. Olha. – disse ela toda feliz e satisfeita.

Amanhã estou indo para Joinville. Tenho uma palestra para dar na UDESC na quarta pela manhã.

Só vai dar eu.

Razei.

Só deu Marilene.

Tô toda podendo gente.

Por isso, estamos juntas há dez anos e considero minha manicure querida uma das pessoas que mais me entende nessa vida.

Valeu, gostosa!

 

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