Barbearia de Macho

leão penteado

Pipo esteve alguns dias aqui em casa e precisou cortar o cabelo neste tempo. Após uma rápida pesquisa no gúgol, ele descobriu, por essas redondezas, no Méier, uma barbearia cujo nome impunha, digamos, a mim, suspeita e, confesso, uma leve crise de riso. Ok ok… não foi tão leve assim. Era algo tipo cabra macho, homem herectus ou homo bructus. Não me lembro direito. Nessa linha aê.

Sei que eu fofa fofa fofa me ofereci para ir com ele. Pipo imediatamente me deu um vale-poda-macho-acompanhante-vip, mas ficou depois preocupado com o que eu ia ficar fazendo enquanto ele cortava as madeixas. Disse-lhe que ia ficar deboa num canto lendo, afinal, o que mais poderia fazer em um ambiente super bronco, rude, grosseiro, mega másculo sem nada interessante para observar?

O salão de beleza, opa, perdão, a barbearia já tinha sido outrora um salão desses comuns de cortar cabelo. Eles só adaptaram o ambiente para ficar bem viril e deixar claro que se tratava de um clube do Bolinha-Alfa.

Os espelhos que iam até o chão foram cortados e colocados em uma moldura de madeira crua levemente patinadas. Ficaram bem menores porque homem que é homem não precisa olhar as pernas enquanto apara a barba.

Na parede, a cor salmão foi substituída por um cinza aveludado. Lindíssimo. O dono me disse que é um acetinado toque de seda fosco da marca Suviril. Másculééérrima. Achei maravilhosa.

Se você pensa que nessas barbearias com fachadas pretas que oferecem cerveja de cortesia para quem vai lá fazer o bigode têm produtos iguais dos salões unissex que vemos por aí, saiba que está muito enganado. Descobri que homem que é homem usa produtos próprios. Eles não usam cremes e sim pomadas. Várias pomadas. Na vitrine, havia umas latinhas estilo retrô e, nos rótulos, especificavam para que serviam. Há pomada que prepara a pele para fazer a barba. Pomada que faz espuma para amaciar a barba no banho. Pomada que modela a barba. Pomada que dá brilho e fixa o penteado da barba.

Fazer sobrancelha não é coisa de macho, fiquei sabendo quando li no painel que imitava cartaz de botequim os serviços oferecidos. O que eles fazem é “faxina na cara”, esse era o nome porque macho que é macho não se depila e sim faxina a pele. Tinha também faxina na virilha e no cu, mas macho educado não fala bem assim. Era faxina na parte da frente e na parte de trás da virilha. Cara pra caralho diga-se de passagem e com a desculpa do trocadilho.

Pintar cabelo, macho não pinta. Desvelei também essa. Eles “camuflam a juba”. Havia vários tons de tintas para camuflagem. “Camuflagem de cabelos brancos” era um preço. “Camuflagem radical” era o preço da mesa de sinuca que tinha no canto daquela maçonaria, perdão, barbearia.

Cerveja tinha várias também, mas não consigo precisar o nome de todas que vi. Lembro-me somente de que uma delas era feita com sementes de maracujá e de uma espécie de trigo hidratado pelas águas fluviais do Tigre-Eufrates. Macho que é macho é exigente pra cacete.

Para finalizar, depois de tanta coisas mega maschas, descobri que homem que é homem também gosta de relaxar. Havia uma salinha isolada de massagens para aqueles que chegam moooortos do futebol e exaustéééérrriiiimos depois de um dia intenso de trabalho.

Pipo ficou lindo. Sejamos justos. Vamos reconhecer o poder de uma máquina bem passada em menos de dez minutos por grandes especialistas em um ambiente hiper, digamos, acuminado.

Um comentário em “Barbearia de Macho

  1. Dez minutos? Sentado na prova fico no mínimo uma hora e meia… Com toalha quente no rosto e massagem para relaxar a pele pra navalha…

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