Histórias íntimas de Filomena, Jacinta e Claudete

fontini

Amigas mães, amigas que não são mães, amigas de todo o Brasil que estão me assistindo, bom dia, amigas! O programa de hoje vai narrar a história de Filomena, Jacinta e Claudete. Os nomes são fictícios porque elas pediram sigilo total e nós do programa respeitamos a vontade de nossas queridas telespectadoras.

As três mocinhas que entraram em contato com a produção do programa são adultas entre 30 e 50 anos. Elas têm algo em comum. Todas se separaram e enfrentam a dura jornada de encontrar um homem com a qual elas se sintam à vontade, relaxadas e satisfeitas sexualmente. Já entraram (e saíram) de sites de relacionamentos e de motéis por esse mundo mundo vasto mundo.

Filomena é mãe de dois adolescentes que moram com ela, trabalha, gosta de ler, antenada com as notícias políticas e tem um corpo normal: barriga, peitos e celulites. Linda como todas nós e com toda essa exuberância “foi para pista”. Insegura como muitas de nossas telespectadoras, Filomena estava tensa com esse negócio de depilação. Afinal, não sabia quando as agendas dos filhos, do pai das crianças, do chefe e da própria Filomena iam coincidir com a agenda do macho que se deus quiser ligaria a qualquer dia. Temos que estar pronta para a guerra sempre, pensava Filomena toda preocupada. Filomena conheceu o que vamos chamar de macho 1 para diferenciar dos machos da Jacinta e da Claudete.

Macho 1 conversava bem, estava separado e fazia mil coisas. Não era tão acessível assim. Na sexta, do nada, disse que poderia pegar Filomena no trabalho e de lá darem um rolê. Era o final de semana do pai dos filhos de Filomena, o chefe havia liberado mais cedo, a depilação estava ok e ela não estava menstruada. O vale-sexo estava em suas mãos, amigas! Mas Filomena estava angustiada, nervosa, aflita porque não estava contando com essa ligação e havia saído de casa com um cirolão branco super confortável e um sutiã preto básico que não fazia conjunto com o cirolão. Meodeos meodeos!, pensava Filomena. E agora? E agora?!, chorava Filomena. Daí, amigas, vejam o que é a sagacidade de uma mulher.

Quando o macho 1 foi encontrar com ela, Filomena estava toda sorridente. Jantaram e no restaurante o macho 1 ficou doido de tesão porque percebeu que nossa amiga estava sem calcinha!

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Jacinta nos conta que estava feliz porque estava saindo com o macho 2 que era um rapaz muito bem aparentado. A mais nova de todas as nossas três amigas também era a mais desavergonhada e mais empoderada. O macho 2 tinha a mania de se trancar com Jacinta nos cômodos que conseguia (casa de amigos, banheiro públicos, sala de reunião do seu serviço…). Lá abaixava as calças e colocava as mãos nos ombros de Jacinta daquele jeito que os machos costumam fazer. Inicialmente, Jacinta o satisfazia. Mas, logo depois, começou a cobrar reciprocidade e advinhem, telespectadoras. O macho 2, assim como o macho 1, gostava de ver uma mulher pronta para servi-lo, mas não entendia nada sobre igualdade de cuidados. Não acertava a intensidade, a frequência, o período, nada. Impressionante a falta de jeito desses machos.

Jacinta comprou um brinquedo desses que vibram e, na frente do macho 2, o usava enquanto ele olhava com cara de tarado para ela que conquistava solitariamente o seu orgasmo. Jacinta descobriu que podia usar seu brinquedinho sem ter que colocar a boca mais em lugar nenhum de macho que pensa que, no sexo, somos como um cavalo onde eles sobem em cima para galopar, seguram a crina e nos batem para que atinjamos a velocidade que eles desejam.

Nananinha, falou nossa amiga.

Jacinta segue feliz e satisfeita. Melhor dizendo, muito satisfeita porque o brinquedo faz coisas, diz Jacinta, incríveis e tem proporcionado prazeres que nunca teve com nenhum outro macho. Não está fechada para relacionamentos, mas muito menos aberta como antes.

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Neste nosso último bloco, para finalizar nosso programa de hoje, amigas que ainda estão me assistindo, temos a história da nossa amiga guerreira, professora de português, Claudete. Mulher de 43 anos, separada há dois. Claudete era super romântica mas sabia que essa história de príncipe não está mais com nada. Aliás, nunca esteve né migas. Claudete resolveu seguir os conselhos dos amigos e fazer sexo sem amor. O que não faltou a Claudete foi macho a querendo. Não por ela ser bonita, mas por ter uma ampla rede de amigos de todas as idades e aquilo que ela podia chamar de pê-á. Acabou que ela, descolou um desses pê-ás para sair. Escolheu um cabra bom. 27 anos. Marombado. Daqueles que tiram selfie em academia e postam no Instagram. Vou relaxar, eu mereço, pensou nossa amiga Claudete.

E lá foi ela para os braços fortes do macho 3.

Assim que chegaram no motel, o macho 3 arrancou a roupa de Claudete e ela se viu como uma personagem de filme pornô. Foi tacada na parede enquanto o macho 3 metia freneticamente em Claudete. Depois, o macho 3 a jogou na cama. Pegou as duas pernas e girou Claudete com força a colocando de quatro. Bateu em suas pernas e em sua bunda. Ficou em pé depois e colocou a mão nos ombros de Claudete como o macho 1 fez com Filomena. Claudete não sabia o que fazer. Tentava empurrar mas não tinha força. Falar não conseguia. Procurava avisar com gestos que não estava gostando mas o macho 3 não era nada sensível, assim como o macho 1 e 2, às sinalizações.

No dia seguinte, Claudete que sempre tomava banho com suas crianças, teve que esconder seu corpo todo cheio de hematomas para que elas não se assustassem. O macho 3 mandou mensagem fofa perguntando se poderiam repetir o programa. Claudete lhe contou sobre as marcas que ele havia deixado e ele perguntou se ela não havia gostado.

Bem, é  isso por hoje, amigas. O programa  está chegando ao fim. Gostaria  de perguntar a vocês, antes de me despedir, o quanto de Filomena, de Jacinta e de Claudete temos dentro de nós e como temos alimentado cada uma delas. Aproveito para deixar o questionamento sobre quanto tempo mais precisaremos viver para que esses machos entendam que não adianta bancar uma de bacana, a favor do feminismo, gentilzão se a quatro paredes nos tratam como um mero objetos cheio de orifícios.

Fazer com que fiquemos tensas antes de um encontro simplesmente por  não estarmos com uma lingerie sexy, depilada e menstruada não é coisa que sintamos perto de um homem decente. Fica a reflexão, amigas, se masculinidade não tem muito mais a ver com habilidades cognitivas e sensitivas do que  ser ou não um bom macho.

No nosso próximo programa, contaremos mais histórias sobre como as mulheres têm trucidado esse monstro de sete cabeças que é o medo de ficar só.

Beijo e até a próxima!

 


A ilustração deste texto é da artista Fotini Hamidieli Martou.  A fonte foi: http://artodyssey1.blogspot.com.br/

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