Caindo de paraquedas na Assembleia

Elika PT

Ontem, no meio do Festival Lula Livre, fui freada, literalmente e metaforicamente, por uma mulher, petista, militante que fez questão de me dizer que não apoia a minha pré-candidatura por não acreditar que eu consiga fazer algo, se for eleita, tão bem como outras pessoas que ela conhece.

– Há muita gente na militância há anos muito mais preparada do que você para o cargo, ouvi. Para ser política tem que ter experiência. Não basta ser famosa na internet e cair de paraquedas na Assembleia. Tem que ter vivência de rua. O meu apoio será para essas pessoas que lutam há anos e não para quem apareceu agora do nada.

No que pese o respeito à opinião contrária e ao fato de eu sequer ter pedido o apoio dela para essa tensa e nova fase que estou vivendo, conforme a moça falava, eu me lembrava das inúmeras pessoas que apareceram na minha frente, muitas delas amigas e familiares, para me dizer de infinitos jeitos: “Não faça isso. Você não vai conseguir.”

Quando criei o meu blog “Minha Vida é um Blog Aberto” onde escrevo crônicas sobre os mais diversos assuntos e, sobretudo, falo de mim mesma, aconselharam-me a parar pelo perigo da exposição. Não só não parei como inscrevi várias crônicas do meu blog em um concurso nacional e hoje sou vencedora do Prêmio Saraiva de Literatura na categoria crônicas. Tenho um livro premiado homônimo ao meu blog: Minha Vida é um Blog Aberto e publicado por uma das maiores editoras do Brasil.

Quando fui fazer mestrado, ouvi da minha sogra na época: “tem certeza? Como vai dar conta de filhos, casa, trabalho e ainda fazer um mestrado?”. Respondi que ia diminuir minha carga horária nas escolas nas quais eu trabalhava na época. “Vai ganhar menos? O nível social de toda a sua família vai cair só porque você quer estudar? Acha isso justo?”, foram coisas que escutei.

Quando avisei ao diretor da escola particular na qual trabalhei que estava grávida da Nara, ele riu da minha cara, bateu palmas e me disse: “uma excelente maneira de acabar com uma excelente carreira é casando e tendo filhos”.

Quando fui fazer doutorado, ainda por cima mudando mais uma vez de área (sou graduada em física, mestre em história e doutora em filosofia), ouvi de colegas de trabalho e de muitos outros que me acompanhavam: “por que não fazer algo sobre Educação? Qual a necessidade de mudar de área? Você sabe que você vai concorrer com quem se graduou e fez mestrado em filosofia! Você tem esperança de passar numa prova de doutorado? Você nem sabe quem foi Platão direito!”. Hoje tenho dois livros publicados sobre Filosofia da Ciência para jovens e crianças: Como Enlouquecer seu Professor de Física e Isaac no Mundo das Partículas que virou até espetáculo infantil. Consegui fazer a conexão entre ciência, filosofia e educação na literatura.

Quando me matriculei no curso de italiano, já no meio do doutorado, com três filhos, casada e trabalhando, ouvi: para que estudar italiano se isso não vai te dar dinheiro nenhum e só vai te afastar mais ainda de seus filhos? Qual a necessidade disso? (Consegui fazer dois capítulos de minha tese que ficaram em altíssima qualidade por ter sido capaz de ler um livro que só tem em italiano e até hoje me deleito lendo literatura italiana no original).

Quando fui fazer a prova do Cefet estava terminando meu mestrado e grávida do terceiro filho. Ouvi de quem dormia comigo: “Só tem uma vaga e você não está dando conta de sua vida. Jura que vai insistir nisso?”.

Entendo perfeitamente que título não representa capacidade intelectual. O maior exemplo é Lula, mas temos outros infinitos por aí. Consigo compreender a preocupação da militante e repito aqui parte do que eu disse a ela:

– Não há regras para o sucesso. Assim como há políticos que estão aí há anos na prática e que nada fazem, é possível vermos pessoas novas entrando com muita vontade de fazer uma política diferente e isso precisa ser considerado.

Para ser uma boa representante do povo, precisamos entender sobre as pautas que estão em jogo e ter disposição para brigar por elas.

Estou pré-candidata a deputada estadual cuja principal função é propor, emendar ou alterar os projetos de lei que representem os interesses da população. Além disso, uma deputada estadual tem que fiscalizar o trabalho do governador, garantindo a boa administração do Estado, julgar anualmente as contas prestadas pelo Executivo estadual e fiscalizar outras ações administrativas. Mas o mais difícil não será isso. O desafio será enfrentar quem defende interesses contrários ao que eu irei representar. E é nesse ponto que, talvez, a moça tenha duvidado de minha capacidade.

Entendo perfeitamente também que estou fazendo parte de um grupo de renovação política vindo de uma camada privilegiada. Percebo, porém, que para falar sobre Educação Pública ninguém melhor do que uma pessoa que tenha sido professora da rede particular, da rede estadual e da rede federal de Ensino, que tenha passado pela vida acadêmica entendendo a necessidade do fomento à pesquisa e que esteja, atualmente, movida pela força do ódio vendo o sucateamento de nossas escolas e o avanço de projetos de lei que trabalham para dificultar a chegada das camadas mais pobres às universidades.

Sei que o mal-estar do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro não será resolvido com vídeos no Facebook e muito menos textões como esse. Mas sim com políticas públicas que mostrem resultados. Para tanto, precisamos aumentar a nossa representatividade nas Assembleias, nas Câmaras, nos Congressos.

Se serei capaz, teremos que deixar o tempo mostrar isso. Não é mentira para ninguém que nunca militei organicamente nas ruas. Mas outro fato é que sempre fiz política a meu modo e sem paixão jamais andei.

Se os novatos e as novatas como eu terão que se adaptar para lidar com as complexidades de um governo, os arcaicos terão que se reinventar para lidar com essa cara nova que está chegando cheia de disposição e sem os vícios dessa forma antiga de se fazer política.

Vamos entrar pelo resgate do que há de melhor na política: a aglutinação de ideias, o respeito às instituições e o debate franco seja nas redes sociais seja nas ruas pelas quais, agora, tenho andado.

Com apoio ou sem apoio, farei o que sempre fiz: seguir em frente.

Borboleta-se com a sua vida.

Jaqueline, vou responder a você publicamente mudando o seu nome para preservar sua identidade. Você tem 16 anos e veio me pedir conselho pois está apaixonada e vive insegura a despeito de ele viver dizendo que te ama.

Procurou-me porque sabe que estou vendo arco íris até em noite de Lua nova. Como sou mais velha, você quis ouvir o que tenho a lhe dizer.

Pensei muito em algo que te acalmasse. Gostaria de dizer: fique tranquila, Jaqueline, isso passa. Quando você estiver na frente dele, saberá as palavras certas a serem ditas e como seduzi-lo para sempre. Basta respirar fundo. A insegurança vai diminuir, Jaqueline, e você voltará a ser uma mulher segura e não ficará ansiosa quando ele não mandar mensagem durante o dia. Você terá certeza de que o conquistou.

Mas não posso mentir para você, querida.

Há coisas que a gente sente não porque é jovem e inexperiente mas porque está viva e grávida das primaveras. Não importa com quantos homens você irá se deitar, Jaqueline querida. Você se sentirá como uma virgem ao ter ao seu lado um grande amor.

E será a mais idiota das idiotas, Jaqueline, independente da quantidade de livros que tenha lido quando estiver de frente para o único ser que te fará sentir dentro de uma biblioteca. Ficará em paz por estar perto dele, Jaqueline, mas também em guerra por querer ser mais agradável do que os aplausos da plateia são para um artista.

Jaqueline, você pode ser até uma ateia com mais de 40 anos, mas você verá fantasmas independente da idade quando se apaixonar. Fantasmas do esquecimento, da distância, da saudade. Do vácuo nosso de cada dia, Jaqueline. Tudo irá te apavorar mesmo quando sua cabeça estiver repleta de cabelos brancos caso encontre quem acaricie seu rosto com o cuidado de um florista preparando um buquê e te faça sentir viva como uma margarida falante.

Ainda assim, Jaqueline, se a paixão for correspondida, toda a dor oriunda de tantos medos será recompensada pelo melhor sexo que você fará em sua vida. Porque você não estará com a metade de sua laranja. Mas com quem te pegou inteira, fruta que estava caída, e te colocou de volta na árvore fazendo com que você faça fotossínteses, metamorfoses e as mais intensas polinizações.

Borboleta-se com a sua vida, Jaqueline. É só o que posso lhe dizer nesse momento.

Você está ferrada, querida. Aproveite.

Jardim sem borboletas

Tenho pavor de joaninha, me arrepio quando vejo borboletas, entro em desespero se me deparo com besouros. Qualquer inseto que faça zzzzzz me faz ver a morte. Já saí de um carro em movimento por conta de um percevejo. Desse jeito.

Muitos adultos já riram de mim e jogaram bichos em minha direção para me assustar e rir depois da minha reação. Outros, de forma completamente ineficaz, tentaram colocar insetos em minha mão à força para eu ver que eles não fazem mal algum.

Sei que há insetos que só existem para as flores e são cegos para mim. Porém, se nós fôssemos racionais de verdade, não beberíamos refrigerantes, não comeríamos enlatados, não fumaríamos, não andaríamos de moto e nem votaríamos em candidato declaradamente homofóbico e racista. Ou seja, não é nada que se combata com explicação porque dolorosamente eu sei. Apenas não tenho capacidade de aplicar determinados conhecimentos em mim mesma assim como agem os alcoólatras e os apaixonados.

Tenho uma história para contar para vocês. Eu havia me esquecido dela por muito tempo. Esse fato foi resgatado quando alguém me viu brincando com uma lagartixa.

– Como assim você não tem medo dessa coisa gelada e não gosta de joaninhas?

A pergunta me pegou de surpresa porque, de fato, pensando bem, não fazia sentido algum.

– Você tem medo de aranhas?, insistiu a pessoa atenta a mim.

Não. Tenho medo de baratas e besouros. Tenho respeito pelas aranhas. Mas medo definitivamente não. Adoro as lagartixas.

Até eu achei tudo estranho olhando por aquele ângulo. Revirando o meu baú com um giga cuidado, encontrei algo que estava muito bem escondido em mim.

Passei parte de minha infância em Minas pois mamãe é de lá. Finais de semana, feriados e férias sempre íamos para alguma roça. Eu tinha oito anos quando ocorreu o que vou narrar agora.

Era comum os primos todos se juntarem para brincar. Mamãe teve quinze irmãos e por aí vocês imaginam a quantidade de primos que tenho pelo mundo hoje e que, na época, eu tinha por lá. Mais precisamente em Itajubá. Era criança que não acabava mais.

Houve um dia em que estávamos numa fazenda. Eu vestia uma blusa de lã com gola alta e uma jardineira por cima. A roupa é muito importante nessa história e adiante vocês saberão por quê.

No final da tarde, um rapaz que trabalhava nessa roça da tia disse que ia colocar as vacas para irem pastar no morro e perguntou quem queria ir com ele e com as mimosas. A criançada toda, rapidamente, levantou a mão gritando: eu eu eu! e lá fomos nós morro acima.

O rapaz ia na frente e atrás dele uma dúzia de vacas. Andávamos pela estrada estreita de terra no meio do mato um pouco alto. Eu era a primeira criança atrás da última vaca e depois de mim deviam ter uns oito primos. Era um trenzinho de gado e de gente. Um atrás do outro – mesmo porque não havia espaço para ninguém andar de mãos dadas lado a lado.

Lembro-me do quanto eu estava encantada com o movimento do rabo da vaca que parecia um pêndulo perfeito. Na posição mais alta, a extremidade do rabo se enrolava numa espiral. Depois se desenrolava e fazia o movimento no outro sentido. Espelhado, simétrico, lento, perfeito. Hipnotizador.

Eu subia o morro distraída com as badaladas de um rabo bovino que não sabia o que era pressa.

Até que o primeiro vagão daquela locomotiva passou por debaixo de uma árvore baixa cujas folhas faziam cócegas nas costas das malhadas.

Rabo vem.

Rabo vai.

Rabo vem.

Rabo vai.

Quando a “minha vaca” passou pela árvore com aquele rabo lentamente inquieto, numa balançada bem dada, ricocheteou uma casa de abelhas que caiu em cheio bem na minha frente.

De repente, o céu ficou escuro.

Comecei a gritar.

Até que a última criança entendesse que tinha que descer o morro correndo, as abelhas entraram literalmente no meu corpo. Além da minha roupa que fagocitava aqueles insetos raivosos, a cada grito de dor, entravam abelhas pela minha garganta.

Quando enfim consegui ver minha mãe de perto que, a princípio, achou que era brincadeira aquele bando de crianças correndo e gritando, ela me pegou rápido e  me colocou debaixo do chuveiro frio com roupa e tudo. Recordo-me bem de ela passando pente no meu cabelo com força e o chão ficando chamuscado de abelhas que ela matava pisando.

Saí dali e fui direto para o hospital. E me esqueci de todo o resto. Acho que desmaiei. Quando acordei não abri os olhos porque não conseguia. Eles estavam inchados demais. Tive febre e as dores custaram muito a passar.

Seguramente, poderia ter morrido.

O tempo passou. E havia me esquecido por completo dessa história. Só me restava o trauma que está aí no mundo para zuretar com nossas vidas. Ao ouvir ou imaginar qualquer barulho de asas de algum inseto, meu corpo trava, meus músculos se contraem e a garganta ameaça a fechar. Tenho um tipo de cognição corpórea. Minha pele faz essa associação porque possui uma história.

Ainda que não me lembrasse desse episódio, sempre que vi alguém com medo de alguma coisa (qualquer coisa), respeitei. Dentro de mim, sabia que todos têm seus motivos para não viver adequadamente. Nem perguntei nunca o motivo do assombramento da pessoa (que, para mim, não fazia o menor sentido).

Rejeitei todos os conselhos de “me tratar”. Meu medo só incomoda a quem quer que eu seja de um determinado modo. Particularmente, não me importo com a minha falta de jeito de interagir com os insetos a despeito de sofrer, desnecessariamente, em muitas ocasiões. Como disse Clarice, a gente nunca sabe qual defeito que sustenta todo esse edifício.

No meu jardim, não há joaninhas e borboletas. Ainda assim meu deus. Como eu amo a primavera.

 


Texto dedicado a Maria Eduarda, uma menininha linda que me pediu para lhe contar uma história. Após ouvir essa com todos os detalhes mais caras e bocas de dor, disse que eu merecia ganhar mil reais por ela. 🙂 Como elogio de criança é o que há, resolvi escrever. Vai que alguém me pague por isso…

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Resistir não quero mais. Existir será meu verbo.

Há tempos ando com muito medo. Nunca pensei que um dia iria participar como candidata de alguma eleição – como está prestes a acontecer.

Exposição em tempo algum foi um problema para mim. Entendi desde cedo que não importa o que você sinta. Haverá sempre meio mundo com um problema igual ao seu. Portanto, não precisamos nos envergonhar em andar nuas por aí. E, assim, com seios e cérebro à mostra, caminhei até aqui.

Já fiz algumas terapias e olhar para dentro também não é aquilo que me apavora. O que tem me desesperado é a necessidade de mudança. Não é muita coisa que preciso alterar, mas pode ser tudo. Como dizia Clarice, nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

Jamais fiz nada em troca de curtidas e acredito que nunca ninguém me viu pedindo para compartilhar algo que eu tenha escrito. Penso que carinho quando reivindicado perde muito de sua essência. Mendigar amor: prefiro conversar sozinha. Bendita seja a masturbação.

Estamos na fase das pré-candidaturas em que é terminantemente proibido pedir voto. Não é a melhor fase da minha vida, mas desejaria que ela durasse para sempre. A campanha vai começar em Agosto e até lá preciso vencer esse monstro que habita em mim que sequer consigo nomeá-lo. Não é vergonha, pois se tem algo do qual me orgulho é da minha filiação e da minha coragem, modéstia à parte, de participar de tudo isso e encarar toda essa gente; muito menos… sei lá meu deus muito menos o quê.

Escrevo sobretudo para mim mesma. Preenchendo uma página em branco de um editor de textos, vou me sentindo não mais esclarecida – porque isso beira o impossível – e muito menos mais segura – porque essa palavra foi inventada. Vou me sentindo como aqueles que estendem a mão e recebem o pouso de uma borboleta ou aqueles que leem ao ar livre e são surpreendidos por um cocô de passarinho no parágrafo do texto com o qual conversava.

Estou me lembrando aqui das inúmeras vezes que divaguei sobre as minhas inseguranças com vocês. Seja na maternidade seja na separação seja na escolha de um esmalte ou com a vinda de um novo amor, eu me desesperei. Sou mesmo muito desajeitada com a vida.

Agora estou pré-candidata a deputada estadual pelo PT_RJ. Se tudo der certo, despeço-me das salas de aula que considero o local mais sagrado que existe. Se tudo der errado, seguirei realizada em minha profissão, porém, como dizem, totalmente trabalhada na revolta por ver as escolas públicas sendo sucateadas e nada poder fazer. De qualquer forma, haverá um tombo gigantesco e já sigo em queda me apoiando no ar, relativizando o certo e o errado.

Tenho tomado um cuidado comigo mesma como se eu fosse um pudim sendo desenformado. Procuro me inspirar na suavidade dos estúpidos, a mesma que faz com que um touro ande com um certo charme. Por outro lado, sinto-me tão poderosa como um ogro que possui uma chave (de uma porta que ele não sabe qual é (e que pode ser de um castelo que há tanto havia sido demolido)). Sem nomear nada por dentro, imagino essa chave quando sinto o de-repente-tantos-sonhos. Penso assim bonito porque se eu não der grandeza e magnificência ao meu novo mundo, estarei perdida. Seja lá o que for tudo isso, tem muita força e sinto medo.

A verdade, se querem saber, é que aceitei a minha grande contingência. Não consigo, confesso, livrar-me dessa ameaça que é a minha ânsia de viver tudo em profundidades. Contenho-me da mesma forma que jamais gritei de alegria ao ver um filho dando o seu primeiro passo para que ele não se assustasse.

Não sei exatamente com o quê estou lidando. Entendo que a compreensão é feita através das palavras não ditas e não entendo a minha necessidade de viver tudo isso. Dizemos a verdade quando a negamos de forma delicada.

Sei que aceito humilde o medo e toda essa insegurança como quem aceita um batismo.

Tenho minhas dúvidas se conseguirei pedir lá na frente para que depositem em mim a esperança já que sou tão escabreada. Para isso, tenho frequentado às mulheres. Mal consigo dizer que sou pré-candidata sem sentir o chão tremer. Elas sabem o que eu sinto e já tem agido sobre mim.

Há tempos ando com muito medo. Sem ele, nunca caminhei e suspeito que ele seja o meu combustível. A despeito de tantos fantasmas, saibam que sou uma ameaça (para aqueles que temos chamado de inimigo), pois tenho a tirania dos que necessitam. Resistir não quero mais. Existir será meu verbo.