O poder das formigas

A minha campanha está sendo elogiada por muitos pela criatividade. De fato, há um esforço sem tamanho aqui para não fazer mais do mesmo. Procuro fazer coisas que eu, no meio de tanta informação, pararia para ver. Daí vai desde vídeos até arte final de panfletos e postagens.

Se não emocionar, não vale a pena. Assim penso.

Mas nada é muito bom que não possa melhorar. Porque com dedicação e com fé se melhora tudo.

Dayana, uma linda eleitora focada, sem que tivéssemos trocado uma palavra, captou a essência do que acredito ser uma verdadeira campanha e, com seu jeito, freou o tempo das pessoas.

Escreveu a mão, um a um, bilhetes que foram anexados ao meu material de campanha.

Muita gente agora sabe que eu sou candidata e leu minhas propostas porque Dayana vale mais do que propaganda em horário nobre de televisão. Um gesto desse de amor tem no mínimo um sorriso como resposta. E em temos de discurso de ódio, convenhamos, não preciso nem abrir as urnas para ficar feliz.

Já somos vencedoras.

Obrigada, Dayana. Somos pequenas, fato. Mas não há quem não se assuste com o poder e a força das formigas.

Eu sem filtros

Ouvi de meu filho mais velho que sou uma mãe ruim e que tenho falhado nessa função.

Poderia visitar meus pais mais vezes já que moramos tão perto mas quando vejo mais um dia se passou e não dei a atenção a eles que deveria.

A casa segue uma bagunça com as paredes manchadas de umidade e as contas atrasadas porque estou sem receber desde que me licenciei para campanha.

Não tenho lido mais nada de literatura há três meses porque preciso me apropriar dos problemas do nosso estado.

Hoje é aniversário do meu caçula e estarei em comícios domésticos sem poder nem almoçar e nem jantar com ele.

A pobreza e a violência sempre me pareceram irmãs. Ao vê-las de perto, descobri que a violência é gêmea da riqueza.

Ando confusa com tudo isso que estou passando. Sem saber lidar com tanta demanda, críticas e elogios.

Meu raciocínio não está linear, na verdade, nunca foi, mas parece que deu uma piorada.

Essa sou eu. Sem maquiagem. Sem escova. Sem filtros. Saindo para levar Yuki à escola. Voltando sem saber para onde estou indo.

Saiu meu jingle!!!!

Segue meu jingle com som, libras, legenda, amor (pleno de amor) e muita esperança de ver um mundo mais acessível. Som na caixa porque a música feita por mozão é linda e olho na tela porque o Jadson dá um show!

#pracegover: no começo do vídeo, Elika está ao lado de Jadson, que interpreta em Libras o que ela fala. Ela diz “meu nome é Elika Takimoto, sou candidata a deputada estadual e quero apresentar para vocês o meu jingle” e então Jadson fica sozinho, traduzindo o jingle. A letra do jingle aparece na tela, em lilás, e é a seguinte:

Minha luta é que pra que nosso filhos possam sonhar
Porque sonhar é viver
Porque sonhar também é lutar
Não é porque parece difícil ou impossível
Que eu deixaria de tentar
Pense bem
Voto só tem um
Elika Takimoto
Treze zero vinte e um
Pense bem
Voto não tem outro
Deputada estadual
Elika Takimoto
Pro nosso Rio se é feliz de novo
E sair dessa fossa
Faça sua parte e vote
Que ela fará a nossa
Pense bem
Voto só tem um
Elika Takimoto
Treze zero vinte e um
Pense bem
Voto não tem outro
Deputada estadual
Elika Takimoto

“Eu confio em você, mas não gosto do PT”.

“Eu confio em você, mas não gosto do PT”.

Essa é uma das frases que tenho ouvido muito nas minhas andanças durante a campanha. Como acho que sempre posso estar errada, procuro saber os motivos pelos quais a pessoa “odeia o PT”.

Dou meus ouvidos e…

Cheguei a algumas observações que acho interessante trazer aqui. O tal do antipetismo é uma posição que orienta a decisão eleitoral exclusivamente pela rejeição ao Partido dos Trabalhadores e ao seu principal representante: Lula.

O antipetista considera que tem um dever de limpar o Brasil “da sujeira feita por Lula e Dilma no nosso país”. É o missionário cívico que se sente com a vassoura na mão. Quando falo dos números e dados como a retirada do Brasil do mapa da fome, ele diz sem pestanejar que isso é mentira e que os dados foram alterados assim como os padrões da miséria. Ou seja, para o antipetista não houve diminuição da fome. Fiquei chocada com essa afirmação.

Mas por que o odeia?, insisto sempre. Daí ouço coisas como o fato do PT ser um partido sindical, que comprou votos dos pobres com o bolsa-família, que inventou o racismo ao apoiar políticas compensatórias, que Lula é um analfabeto, cachaceiro, inventor dos programas sociais para manter os pobres como clientes do partido.

Mas não é legal fazer políticas sociais que diminuem a pobreza?, pergunto. Daí ouço que o PT aparelhou as estatais e quer transformar o Brasil em uma Venezuela dando dinheiro para Cuba.

Oi?, mostro que não entendo algumas proposições e tentam me explicar mais coisas que justifiquem o ódio ao partido que me acolheu: “o PT promoveu o comunismo no Brasil, o bolivarianismo e o gayzismo”.

Mas os banqueiros não reclamaram de nada, nunca se consumiu tanto e gays sempre existiram!, tento argumentar. Daí ouço que o PT encheu os shoppings, os aeroportos e as universidades de preto, que criou o Programa Mais Médicos só para humilhar os médicos brasileiros.

Mas a mortalidade infantil diminuiu muito no governo PT. Isso não foi bom?, pondero. Daí ouço que Lula é amigo de Maluf, Sarney, Collor e aumentou a criminalidade, humilhou as Forças Armadas com comissões da mentira, causou alagamentos, desmoronamentos, o incêndio da Boate Kiss e do Museu Nacional e que na época em que faltou água em São Paulo, Dilma estava no governo.

Como assim?!, pergunto para entender o que perdi. Daí ouço que o PT é o rei da corrupção.

Antes do PT, vivíamos em um país com um enorme período sem mobilidade social e os que estão hoje na classe média – que se achavam intelectualmente superiores e viram mulher preta recebendo diploma de médica – surtaram. Essa é a minha conclusão imediata.

Fora isso, perder sucessivamente em disputas eleitorais por nunca terem apresentado um programa de governo que beneficiasse as camadas menos privilegiadas, pelo visto, faz as pessoas perderem também mais uma coisa: a noção da realidade.

Mas nem todo antipetista é uma tábua ou apoia ideias fascistas da política nacional. Vale observar também.

Alguns simplesmente estão cansados, esgotados, exaustos do PT depois de 12 anos.

Mas por quê?, pergunto. E daí percebo mais coisas. A pessoa quer mudanças tipo as que o PT fez mas apoiando outro partido que não terá a força do PT para fazer o que a pessoa quer que seja feito.

Sem falar o nome do presidenciável, pergunto com carinho se a pessoa votaria em quem defende um programa assim assim e assado. A maioria das vezes, ouço que sim.

Ou seja, o antipetismo é uma modalidade de ódio olímpica praticada por pessoas que apenas não têm se informado direito ou conversado muito por aí. Dado a devida atenção, a dúvida sobre a possibilidade de uma cegueira é considerada, ao menos.

Toda forma de amor é natural. O ódio não. Toda forma de odiar é ensinada.

E o ódio a um partido que em nada ameaçou a nossa democracia (a despeito da perfeição não existir) não é exceção.

Quando algo nos incomoda, sabemos muito mais sobre nós mesmos do que sobre o objeto que nos desestabiliza emocionalmente.

Há um problema de origem política. Mas há também muita coisa de natureza psíquica nessa história. Há de se ter paciência.

Essa é a minha conclusão baseada em conversas pelas ruas por aí nessa minha caminhada rumo à ALERJ.

Desenhando sonhos

Não é mentira para ninguém que nunca militei organicamente nas ruas. Mas outro fato é que sempre fiz política a meu modo e sem paixão jamais andei.

Se os novatos e as novatas como eu vão ter que se adaptar para lidar com as complexidades de um governo, os antigos terão que se reinventar para lidar com essa cara nova que está chegando cheia de disposição.

Sérgio Ricciuto foi quem ilustrou Isaac no Mundo das Partículas, meu amigo, meu irmão e que resolveu dizer através de sua arte como vê essa minha animação.

Ele entendeu que não importa o que falam de mim. Vou fazer o que sempre fiz: seguir andando. Mas dessa vez, muito bem acompanhada e com uma nobre missão pela frente.

Sou Elika Takimoto e agora tenho um número. 13021, a candidata a deputada estadual pelo Rio de Janeiro.

Bendita seja Benedita

Agora que sou candidata e ando no meio de pessoas que já estão na política há anos, tenho visto os bastidores.

Benedita, sempre nas ruas e sendo a diva dos microfones clamando por justiça em cada canto do Brasil, mostra um cuidado com todas nós que estamos começando.

Preciso dar um exemplo. Nos atos realizados nas ruas, sempre temos um microfone que é aberto para que todos e todas nós falemos. Geralmente, são “os maiores” que iniciam o parlatório e há uma ordem de inscrição entre o galerão que está tentando chegar nos espaços de poder. Assim, primeiro falam os deputados, as deputadas e, depois, candidatos, candidatas…

Não raro, quem fala vai embora. Afinal, já falou, apareceu na foto, deu seu recado e tem outro compromisso. Com Benedita, sempre é um pouco diferente e, como observo demasiadamente todo mundo, tenho encontrado algo importante por aqui. Tipo um ensinamento.

Ontem, por exemplo, no ato do qual participamos e depois que emocionou o povo com seu grito de luta, Benedita ficou em pé na chuva até que a última pessoa falasse para prestigiar e apoiar todos e todas nós.

Havia pouca gente naquela altura do campeonato porque quando os mais importantes falam, geral debanda. Mas entre a galera minguada, com seus 76 anos, estava Benedita em pé olhando atenta para cada palavra proferida no alto falante.

No meio da oratória de um professor da Uerj, uma eleitora pediu para tirar foto com a imbatível e Benedita respondeu baixinho no ouvido de sua fã: rápido porque o professor está falando e precisamos prestigiar cada soldado. Eu ouvi porque estava em pé ao lado dela esperando a minha vez de discursar.

Na minha fala de ontem, que sempre foi ruim nas ruas por falta de prática e por conta da minha incompetência de lidar com emoções e raciocínio ao mesmo tempo, na minha fala ontem, eu, cada vez mais segura toda trabalhada no empoderamento feminino, declarei a vontade de chegar na ALERJ e a minha fidelidade ao PT.

Um partido se faz por pessoas assim como um país. E a gente se inspira em lideranças assim como na mais remota comunidade do mundo.

A foto foi batida a pedido da rainha depois que ela me ouviu com seu olhar que tem a força de um abraço. Fui prestigiada em vários níveis por uma mulher negra que faz parte da história do Brasil.

Se antes tive dúvida, hoje, graças a Benedita, não tenho mais.

Estou fazendo a coisa certa e no lugar onde deveria estar: ao lado dela.

Viva a força e a sabedoria das mulheres.

Obrigada por existir, Benedita.

Dez propostas que levaremos (inicialmente) à ALERJ:

 

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1) Educação pública de qualidade é um direito que vamos proteger!

O governo PMDB tem como regra uma gestão de educação pouco democrática, ou seja, sem consulta à comunidade escolar e total ausência de diálogo com os movimentos sociais. O resultado disso é o quadro caótico em que se encontra a educação pública básica em nosso estado: nos últimos 10 anos foram fechadas cerca de 230 escolas estaduais; os planos de carreira dos profissionais da educação seguem defasados; não conseguimos avançar na construção de um plano estadual de educação; temos uma alta distorção idade-série; carregamos um dos maiores índices de evasão escolar do Brasil.

Enquanto toda a população clama por mais investimento em educação, por mais e melhores escolas, seguimos verificando o aumento do descaso em relação a tudo isso. Por isso, estamos juntos na luta por:

  • Criação de um programa emergencial para extirpar o analfabetismo funcional do Estado do Rio de Janeiro;
  • Garantir na educação básica a presença de arte e esporte, tanto como disciplinas próprias quanto como elementos a integrar possivelmente aulas de outras disciplinas, tendo em mente a interdisciplinaridade e o potencial humano do exercício artístico ou esportivo;
  • Aparelhamento das escolas de educação básica com WiFi aberto a todos para aproveitamento dos conhecimentos disponibilizados pela internet;
  • Garantia e ampliação das políticas de permanência dos alunos na educação básica, como a merenda escolar, e das políticas de acompanhamento da questão social do território e dos alunos e alunas, tendo em vista as problemáticas de acesso à escola e de evasão escolar;
  • Construção de um programa de elevação da qualidade da educação fluminense, com referência social, pressupondo a qualificação docente e do pessoal pedagógico de apoio, por meio de programas de nível superior stricto sensu, em parceria com as universidades, de forma que em uma gestão de governo todos tenham formação em nível de Mestrado, pelo menos.


2) Valorizar a educação é valorizar o professor!

Como professora, eu não poderia deixar de colocar um olhar atento sobre a valorização dos homens e mulheres que atuam no campo da educação. Estamos lidando com situações graves tanto no campo da educação pública quanto da privada. Os professores da rede estadual de educação travam uma luta ferrenha por valorização e melhores condições de trabalho há tempos. A situação, que já era ruim, piora com o aprofundamento da crise econômica e com o processo de sucateamento das instituições públicas de ensino em nosso estado, levando a meses de atraso no pagamento dos salários. Na educação privada, encaramos um triste fenômeno: o processo de “uberização” do ensino, onde professores são acionados para aulas avulsas, negligenciando a necessidade de construção da relação professor/estudante, fundamental para o processo de ensino-aprendizagem.

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