Bendita seja Benedita

Agora que sou candidata e ando no meio de pessoas que já estão na política há anos, tenho visto os bastidores.

Benedita, sempre nas ruas e sendo a diva dos microfones clamando por justiça em cada canto do Brasil, mostra um cuidado com todas nós que estamos começando.

Preciso dar um exemplo. Nos atos realizados nas ruas, sempre temos um microfone que é aberto para que todos e todas nós falemos. Geralmente, são “os maiores” que iniciam o parlatório e há uma ordem de inscrição entre o galerão que está tentando chegar nos espaços de poder. Assim, primeiro falam os deputados, as deputadas e, depois, candidatos, candidatas…

Não raro, quem fala vai embora. Afinal, já falou, apareceu na foto, deu seu recado e tem outro compromisso. Com Benedita, sempre é um pouco diferente e, como observo demasiadamente todo mundo, tenho encontrado algo importante por aqui. Tipo um ensinamento.

Ontem, por exemplo, no ato do qual participamos e depois que emocionou o povo com seu grito de luta, Benedita ficou em pé na chuva até que a última pessoa falasse para prestigiar e apoiar todos e todas nós.

Havia pouca gente naquela altura do campeonato porque quando os mais importantes falam, geral debanda. Mas entre a galera minguada, com seus 76 anos, estava Benedita em pé olhando atenta para cada palavra proferida no alto falante.

No meio da oratória de um professor da Uerj, uma eleitora pediu para tirar foto com a imbatível e Benedita respondeu baixinho no ouvido de sua fã: rápido porque o professor está falando e precisamos prestigiar cada soldado. Eu ouvi porque estava em pé ao lado dela esperando a minha vez de discursar.

Na minha fala de ontem, que sempre foi ruim nas ruas por falta de prática e por conta da minha incompetência de lidar com emoções e raciocínio ao mesmo tempo, na minha fala ontem, eu, cada vez mais segura toda trabalhada no empoderamento feminino, declarei a vontade de chegar na ALERJ e a minha fidelidade ao PT.

Um partido se faz por pessoas assim como um país. E a gente se inspira em lideranças assim como na mais remota comunidade do mundo.

A foto foi batida a pedido da rainha depois que ela me ouviu com seu olhar que tem a força de um abraço. Fui prestigiada em vários níveis por uma mulher negra que faz parte da história do Brasil.

Se antes tive dúvida, hoje, graças a Benedita, não tenho mais.

Estou fazendo a coisa certa e no lugar onde deveria estar: ao lado dela.

Viva a força e a sabedoria das mulheres.

Obrigada por existir, Benedita.

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