Dentre tanta coisa bacana aqui em Natal (estou no aeroporto esperando meu vôo), fui entrevistada pelo SBT. Não sei se a entrevista foi ao ar porque falei tudo o que pensava. Em tempos em que o ministro da Educação bloqueia meu acesso a ele que sou professora há mais de 20 anos, o livre falar é uma raridade.
A repórter começou a me perguntar sobre representatividade na política já que vim para participar do Projeto Elas por Elas (uma iniciativa do PT que coloca a frase “ninguém solta a mão de ninguém” como uma lei universal). Neste momento, falei o que estamos carecas de saber: que há muito a ser feito ainda e, portanto, reforcei a importância de eventos como o Elas por Elas.
Depois, a jornalista viu a fila gigante que estava para comprar o meu livro e perguntou:
– Esse livro é sobre física. Nada tem de política nele, né?
Respirei como quem, sentado no restaurante com fome, vê o garçom chegando com a comida.
– Primeiramente, a política está em tudo. Quando não falamos sobre política, estamos agindo politicamente. Em segundo, esse livro é uma obra que faz crianças e adultos pensarem muito. Em tempos que a ciência é tão atacada, que o desmatamento é desconsiderado à luz de fotos de satélites, que as ciências humanas são desmerecidas por “serem inúteis”, um livro INFANTIL que é um convite para refletir sobre do que somos feitos e permeado de Filosofia é político sim. Ler e pensar no governo de Jair Bolsonaro é um ato subversivo.
Silêncio. Dois segundos de um eterno silêncio.
Mais do que nunca, não podemos nos calar. Além disso, devemos superar o medo de falar porque é isso que querem que façamos. É necessário que saibam e respeitem a nossa força.
A repórter agradeceu e a entrevista foi encerrada.
Se foi ao ar, não sei.
O principal foi feito dentro de mim: chovi feliz como se fosse uma grande tempestade.
Eu nem imagino quantas vezes teve que respirar fundo para não perder o rebolado ante perguntas tão primárias como esta da tal repórter. Quanto ao ministro sacripanta, está perdendo uma boa conversa.
Boa semana.
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Benzodeus! Grande Erika, cabeça erguida, vamos em frente!
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Elika, quero ser como vc quando eu crescer! (já tenho 59!) ….mas chego lá. Te admiro muuuuuuiiiiitoooooo!
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