Tenho conversado com as pessoas que dormem pelas calçadas nos arredores da minha casa. Cada ser humano, até mesmo quando acaba de nascer, tem uma história e ouvi-las tem sido minha maior fonte de revolta e de aprendizado.
Hoje, por exemplo, conheci André que me foi apresentado por Catatau, homens com idade em torno de quarenta que têm feito o banco da Praça do Largo do Machado de cama nessas noites de inverno.
Lá pelas tantas, perguntei para André o que ele fazia antes de estar naquela condição.
André olhou para baixo e respondeu:
– Eu amava Teresa.
A resposta foi inesperada, sem dúvida. Mas eu, sempre desajeitada em comedir sentimentos, do meu modo, entendi André.
Segui no diálogo como um fotógrafo se aproxima de uma garça.
– E, agora, André, o que tem feito?
André riu com seu rosto voltado para o chão.
Mexeu no cabelo.
Com seus olhos que refletiam as estrelas no céu em plena manhã de quarta feira, virou-se para mim e respondeu:
– Tô amando a Tuca.