“Você é a Elika?”

Vim passar o Natal em Brasília com o Pipo que não vejo há um mês. Assim que entrei no avião, me ajeitei e comecei a ler, uma comissária de bordo veio falar comigo.

“Você é a Elika?”

Levei um susto. Acho estranho ser reconhecida por aí. Sempre que isso acontece me sinto a Beyoncé de Madureira. Tenho a sensação de que meus cabelos ficam esvoaçantes e me vejo nas alturas que é onde eu estava mesmo.

Disse que sim, sou eu.

Daí, ela ficou muito feliz e eu com aquele misto de sentimentos que tinham um tanto de perplexidade, felicidade e muito de reflexão vendo alguém estar tão feliz em me ver. Seja lá o que for, imediatamente a reação foi abraçar como fazemos com as grandes amigas que encontramos por aí.

Ela disse que me lê sempre. Parou um pouco e me perguntou o que eu estava lendo.

Abre parêntese:

Uma vez, fui entrevistada por uma mulher linda e mega inteligente chamada Gaia e ela me fez uma pergunta:

“Qual a pergunta que nunca te fizeram e você gostaria que tivessem feito?”

Sempre senti muita falta das pessoas perguntarem o que estou lendo. Quando estamos com um livro, sempre tem uma história para contar de como aquele livro chegou nas nossas mãos e como está sendo a nossa interação com o conteúdo.

As pessoas perguntam por que diabos não pinto mais meu cabelo, mas não estão nem aí com o que leio. Haja. Aliás, resolvi ficar mais natural possível depois que li um livro.

É como disse Einstein: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao tamanho normal”.

Fecha parêntese.

Falei sobre o livro (queria ter falado mais, mas o avião é um lugar estranho para ter esse tipo de conversa no corredor). Depois, tiramos fotos, ela disse que sempre votou em mim, que a família toda fechou sempre comigo, que vai votar em mim de novo e que adora o que escrevo. Agradeceu por tudo que não tenho exatamente ideia do que seja.

Seguiu o voo.

Eu estava sentada lá atrás de forma que fui uma das últimas a sair do avião. Estava doida para me despedir da comissária que me lê. Assim que passei pelo meio da aeronave, lá estava minha amiga dando tchau feliz. Não pensei duas vezes. Abracei forte e era a vez de eu devolver tanto carinho.

Falei no seu ouvido:

“Amiga, muito obrigada. Estaremos para sempre juntas. Lula vai vencer e teremos um país muito melhor. Conte comigo para o que precisar.”

Me afastei um pouco. Coloquei a mão nos seus ombros e olhando bem nos olhos dela que estavam acima de uma máscara PFF2 como a minha, falei:

“Amei voar com você!”

E taquei-lhe um outro abraço emocionada como fazem aqueles que se despendem de uma pessoa querida.

Fiz o L de Lula com a mão discreta colada no peito esquerdo e segui caminhando em direção à cabine do piloto (que é por onde a gente sai).

Lá na porta da saída quem encontro?

A comissária que veio falar comigo assim que decolamos e estava ali esperando para se despedir de mim.

De máscara, cabelo preso e uniforme não consegui identificar que a outra no meio do avião em pé dando tchau agradecendo feliz para todo mundo que saía não era a minha amiga, gente.

E, desse jeito, cheguei em Brasília.

5 comentários em ““Você é a Elika?”

  1. Kkkkkkkkkkkkkk E São duas fãs. Eu é quem queria estar no lugar da comissária, para abraçar a pessoa que eu admiro muito. Aliás tenho tanta vontade de ver seu novo visual, deve estar linda. Abraços.

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  2. Kkkkkkkk. Muito eu!!!

    Me identifiquei com a comissária, mas me identifiquei mais com você agradecendo a pessoa errada.

    Meu voto também sempre foi pra você!!!
    Bjs

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