-Mãe, por que você lê segurando um lápis? – Perguntou-me Yuki, meu caçula de sete anos.
-Ora, porque gosto de sublinhar as partes que eu gosto muito. Assim, quando eu quiser vê-las de novo, é só dar uma foleadinha básica e pronto.
– Posso ver o que vc já sublinhou?
– Sim! Claro!
E entreguei, para uma breve apreciação da criança, Michel Proust de 600 páginas com 380 lidas e váááááárias passagens marcadas.
– Interessante. – Disse-me Yuki antes de sair de perto e voltar para a sua saga Pokemon.
Uns quarenta minutos depois, ele volta.
-Já sublinhou mais coisas? Posso ver como anda a conversa de vocês?
Engraçado, pensei eu. Quando rabisco meus livros é exatamente isso que eu sinto, que ouvi e que de certa forma estou dizendo algo também para o autor. No momento em que a ponta do lápis toca a página, um diálogo sempre, para mim, é iniciado.
– Não sublinhei nada desde então, Yuki.
– Você só está ouvindo né, mãe?
– Justamente, meu filho.
*-*
Maravilha de observação sua e do Yuki…
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Obrigada, Drica. Grande beijo
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