Dia Internacional da Mulher.

igualdade homem e mulher

Pois é, lembro-me que ao terminar o mestrado e doida para ingressar no doutorado fui freada pela minha ex-sogra que me veio cheia de preocupações e, a seu modo, com boas intenções: você só está olhando para você, seu marido precisa de atenção, você está abandonando a sua família, sua filha está ficando adolescente e está ficando sem mãe!, depois não diga que não avisei!

Boba que sou, pensei em desistir. De parar de estudar. Nara, ainda uma criança na época, percebendo que eu estava muito tempo em casa, questionou:

– Você não está fazendo mais nada?
– Não. – Respondi. – Acabou. Mamãe agora vai ficar mais tempo com você. Não é legal?
– Puxa… o que eu vou dizer agora para as minhas amigas?
– Como assim? – Perguntei sem entender.
– Quando você fazia mestrado, eu dizia orgulhosa que você estava estudando. Que ia, como é mesmo o nome do que você fez? Isso, que estava se preparando para a defesa e coisa e tal. E agora… o que vou dizer sobre você?

Era tudo o que precisa ouvir. Naquele mesmo dia, mandei um e-mail marcando uma hora para conversar com aquele que foi o meu orientador.

Agora vejam, enquanto estudava, não estava deixando de ser uma boa mãe, pois estava sendo um exemplo para minha filha. Quanto ao meu casamento, de fato, acabou. Não pelo fato de eu ficar tanto tempo estudando (ou também, sei lá), mas por outros tantos motivos que não vêm ao caso aqui expôr.

Nesse dia Internacional das Mulheres, desejo que menos culpa seja colocada na nossa conta. Que tenhamos paz para estudar, para ler e escrever. E que se der na louca de uma esposa querer ter uma vida acadêmica em pleno matrimônio, que a sogra converse com o seu filho para compreendê-la e apoiá-la. Que as mulheres se ajudem nesse sentido e que a responsabilidade de um casamento feliz ou de uma separação pare de ser só (ou principalmente) da mulher. Isso, penso eu – coisa rara de se observar na nossa sociedade que aponta o dedo para a mulher por tudo de errado que acontece dentro de um lar -, seria um grande exemplo de igualdade.

Dia Internacional da Mulher

moesio

Amanhã é o dia internacional da mulher e veremos várias pessoas lembrando o quanto sofremos seja por discriminação, seja por violência física, seja por tanto trabalho que temos em conciliar o lado dona de casa com o profissional ou bababá bububú. Quero, a despeito de não estarmos ainda nada confortáveis, fugir de todo esse chororô.

Que somos importantes para os homens, para os filhos e quiçá para o país também já está mais do que claro. Tenho uma nova proposta. Aproveitemos então o oito de março para olharmos umas para as outras e dizer o quanto somos indispensáveis não para eles, homens, filhos, Brasil, universo, bah, mas para nós mesmos, mulheres.

Precisamos ter cromossomos XX a nossa volta. Nada como amigas, mães, avós, filhas, netas, primas e tias por perto. Sempre temos uma dica mega útil para passar adiante e ponham nesse saco xampu, receita de bolo, doce diet, loja barateira, feirinha bombada, macumba, segredo de maquiagem, creme de pentear, psicólogos, cinta emagrecedora,… Fúteis? Nem tanto, também passamos prazamigas dicas de filmes imperdíveis, livros transformadores, viagens inesquecíveis e sigilos sexuais cavernosíssimos que os maridos agradecem por não terem sido tão sigilosos assim. Competitivas? Talvez, mas a disputa desaparece quando vemos na outra o mesmo medo, a mesma aflição com o filho doente, a mesma agonia quando o diabo da criança não come, a luta para emagrecer, a mesma angústia com a falta de uma boa empregada, o mesmo desespero com a unha quebrada, o desânimo com o cabelo rebelde, o sofrimento na TPM… E curtimos honestamente quando uma que digamos, já nos incomodou, fica feliz com uma nota boa do filho, sente alívio com o caber certinho do vestido, acerta em preparar um jantar diferente, posta foto no feicebuque fazendo carinho na mãe ou na avó,…

Somos difíceis de entender, vá lá, mas somos fáceis de lidar. Basta observar como agimos umas com as outras. Sabemos, como só nós sabemos!, compartilhar virtudes e pecados e praticar o perdão ao nosso modo leoa de ser. Observamos os sapatos das outras, mas também apontamos o sagrado em pequeníssimas coisas que de tão miúdas passam desapercebidas por tantos. Mas não para nós.

Tagarelas? Certamente que sim. Mas sobre o que falamos tanto? Sexy sem ser vulgar, meiga sem se fazer de retardada, gostosa sem parecer puta, feminina sem lembrar uma barbie, forte sem ser macho, inteligente sem ser metida, frágil sem ser boba, engraçada sem se assemelhar a uma idiota… Tudo isso ensinamos e aprendemos umas com as outras. Podemos ser super diferentes entre nós mas, ainda assim, sempre temos muito o que compartilhar.

Para finalizar, duas mulheres bebendo não são como dois homens com copos nas mãos. Eles provavelmente falam de trivialidades. Elas? Com certeza! Mas daí para uma expressar uma dor muito profunda e esta ser amenizada para sempre com as palavras femininas certeiras da outra não custa, as vezes, nem uma garrafa. E olha que a outra nem precisa ser amiga de longa data não! Ajudamos e somos salvas porque somos acima de tudo, mulheres e é isso, de fato, o que quero brindar amanhã. O fato de cuidarmos tão bem umas das outras. A nossa natureza. A nós!

Os homens podem ter mais músculos e serem até maiores, mas protegida mesmo ficamos quando estamos perto de mais mulheres. Muito obrigada a todas vocês por zelarem tão bem por mim!

Tim tim!