O beijo de Lula

Lula me ligou em 2017 por conta de um texto que havia escrito. Na ocasião, eu estava arrasada sozinha em casa quando o telefone tocou.

Era Lula e eu, óbvio, não acreditei. Ele me disse com toda a calma para eu me sentir abraçada por ele.
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Depois disso, nos encontramos pessoalmente quando ele me desencorajou a entrar para o PT.
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– Companheira, sua vida vai virar um inferno. Olha o que fizeram com a Marisa (na época, recém falecida). Eu quero o seu bem. Sua profissão é linda e você tem muito a contribuir como professora. Se você colocar uma foto comigo, não vai ter paz. Esquece isso.

Eu já não tinha paz. Dilma já havia sido deposta e o golpe já estava consumado.
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– Lula, vou entrar para o PT com a sua bênção ou sem ela.
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Lula sorriu sem acreditar e fez com que a minha filiação acontecesse na quadra do Império Serrano, em Madureira, numa grande festa.
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Acabei me candidatando em 2018 e, por conta disso, me encontrando com Lula pelas ruas sedimentadas do PT. Ele sempre me abraçou com um sorriso e nunca errou meu nome.
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Hoje, em um evento fechado, eu falei no microfone o que o CEFET, IFs e Universidades estão perdendo por conta desse governo. Contei sobre o desânimo que atingiu o magistério.

Mas não terminei aí.

Expliquei a todos que, além de professora, sou filiada ao PT e, por uma necessidade ontológica à essência de qualquer petista, posso me ver triste com todo esse sucateamento mas jamais desanimada. Vi que a felicidade existe e, portanto, lutarei para revivê-la.

Ao final do evento, Lula falou:

– Elika, não abaixa a cabeça para ninguém e se alguém fizer algo contra você, eu estarei ao seu lado.

Não há como me sentir frágil com esse carinho.

Não consigo me sentir pequena quando ele fala meu nome.

Não me vejo sem poderes mágicos ao receber do nosso presidente um beijo que atravessa minha história.

Prazer, gente. Sou Elika Takimoto. Professora, escritora e a mulher maravilha.

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