Melhorando a imunidade e humanidade

Por que todo mundo precisa se vacinar? Não bastaria vacinar só quem aceita a imunização e deixar quem não quer de fora? Há necessidade de ser obrigatória a vacina? E a minha liberdade de escolha, onde fica?

Gostaria de falar um pouco sobre essas questões.

A primeira coisa a pontuar é que o fato de ser obrigatório não quer dizer que você – que não queira tomar a vacina – vai sair de casa amarrado para um posto de vacinação ou será preso, caso insista em não ser vacinado.

A vacinação já é obrigatória, para quem não sabe. Muitas crianças só são matriculadas em creches e muitos adultos só conseguem benefícios sociais do governo, por exemplo, se estiverem com a carteira de vacinação em dia. Então, caso alguém resolva não se vacinar pode ser que tenha alguma restrição civil.

“E a minha liberdade individual?”

Quando vivemos em sociedade, há coisas que não adianta muita gente obedecer e poucas pessoas não.

“Ah mas são poucas! Não vai fazer diferença”. 

Vai fazer sim. Por exemplo, você não pode dirigir bêbado se quiser mesmo sendo o único a desobedecer uma regra porque isso pode ferir ou matar alguém. Não é uma escolha sua pois a sua irresponsabilidade afeta outras pessoas.

O direito individual acaba quando a sua escolha abala a segurança coletiva.

“Por que todo mundo precisa se vacinar?”

A vacina só funciona se a sociedade se comprometer com a imunização. Cada pessoa vacinada impede que outras se contaminem. E há sempre muita gente que, por uma questão de recomendação médica ou pelo fato de ser um bebê, por exemplo, não pode receber uma determinada vacina.

A vacina não é só auto proteção. Se ela deixasse vulnerável só quem não quer ser vacinado, eu, sinceramente, não me daria ao trabalho de escrever esse texto. As vacinas protegem quem toma e quem NÃO PODE ser imunizado.

Vacinar-se é um ato de cuidado com o próximo, com o todo. Um ato de soberania. Não adianta uns tomarem e outros não porque o vírus pode sofrer mutação. Esse vírus responsável pela covid-19 já está sofrendo mutações.

Então, devemos ser solidários para proteger os mais frágeis. Por isso a vacinação é uma estratégia de saúde pública e de economia.

“Economia?”

Sim. Economia. Pessoas saudáveis não ficam ocupando leitos em hospitais, não precisam de tanta medicação e podem trabalhar.

“Mas o vírus não pode ser comparado a um bêbado dirigindo…”

Sim. O que quero dizer é que se houver uma brecha, o vírus volta a circular.  Se em alguns lugares for permitido dirigir bêbado e houver menos fiscalização e o perdão das multas, pessoas podem morrer atingidas por carros conduzidos por gente alcoolizada.

Assim como o verme busca um furo no sistema, o vírus também.

E, no caso do vírus, pode haver mutação, ou seja, mesmo as pessoas que estiverem vacinadas podem não mais estar protegidas diante uma nova cepa do vírus.

Um pouco antes da pandemia, vimos o sarampo voltar a ser um problema de saúde pública. Ficamos vários anos sem registrar nenhum caso de sarampo e em 2018  já tínhamos centenas de pessoas com sarampo.

“Por que havia sido erradicado e como voltou?”

A vacina contra o sarampo está disponível em várias unidades de saúde e a população estava bem informada e consciente sobre a necessidade de se prevenir. Por isso tinha sido erradicado.

Com a onda anti-vacina, o modelo desabou.

Quando erradicamos uma doença não acabamos com ela. Erradicar quer dizer manter o controle e, por isso, continuamos a ser vacinados contra doenças que praticamente não existem mais. O vírus existe e continua circulando, mas só encontra barreiras em uma população imunizada.

Para o vírus não encontrar espaço, a maioria das pessoas precisa ser vacinada. Simples assim.

Para finalizar:

O que não precisamos nesse exato momento é politizar a vacina. Transformar esse debate em uma questão político-partidária é desconsiderar todo o sucesso que os planos de vacinação tanto no Brasil quanto no resto do mundo tiveram. Ou seja, é ignorância – no sentido de ignorar os dados, a verdade, a história.

É compreensível que muitas pessoas estejam se sentindo inseguras, já que as informações são as mais variadas possíveis e tudo está acontecendo muito rápido. A impressão é que estamos sempre perdendo algo importante.

Se uma grande parte da população entender as etapas e os critérios rigorosos de liberação de vacinas que garantem que sejam seguras, vão perder o medo. A hora é de buscar fontes confiáveis de informação.

O vírus da imbecilidade também pode ser fatal. Precisamos nos unir para combatê-lo.

Espero, de alguma forma, ter contribuído nessa árdua tarefa.

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