Ah, o verão carioca…

veão

 

Ah, o verão carioca…

Esse que não nos permite tomar um sorvete sem que este espere ser lambido para só depois derreter-se todo. Esse que nos torna levianos, pois, força-nos a despir-nos. Faz-nos desavergonhados. Transforma-nos em animais. Ficamos, aparentemente, todos no cio. Anticalmos. A carne faisca, envia mensagens sem que toquemos em nada.

Ah, o verão carioca…

Não nos permite guardar a timidez, como no inverno. Insiste que sigamos na linha de frente engrossando a revolução epidérmica e estrepitosa com roupas diminutas que mais servem para camuflar a nudez do que nos vestir e proteger.

Ah, o verão carioca…

Que acaba com o limite entre o corpo e a areia. Entre mim e meu amor. Que nos incendeia pela manhã e a noite faz com que viremos estrelas-do-mar em plena cama. Que faz o Sol não entrar na nossa casa educadamente pelas frestas das janelas e sim também o torna despudorado. Raios entram pela frente, por trás, pelos lados rindo das cortinas.

Ah, o verão carioca…

Ele faz nosso paladar querer águas frias, cachoeiras, ter gula de peixes. Torna-nos seres aquáticos que nadam em seu próprio suor e também no alheio. A vista de uma copa balançando nos faz, por reflexo, erguer as mãos para o céu não para agradecer o vento e sim para refrescar nossos suvacos.

Ah, o verão carioca…

Faz com que as emoções e as frases escorram como duchas. Quer despedir-se da primavera hasteando nossos corpos como bandeiras que se adejam em um mastro lascivo. Como uma mãe que obriga os filhos a se entenderem entre si, ele nos uni nas praias e calçadas forçando-nos a conviver harmoniosamente.

Ah, o verão carioca…

Expõe a pele dos morenos e denuncia a dos brancos e a ambas faz almejar contato, sorrisos e liberdade. Verão carioca não é uma estação. É um alarde, uma explosão. Um inferno pleno de beleza, samba, palavras e icegurt.

Ah, o verão carioca…

Participe! Comente você também!