Chá comigo!

Tenho um hábito bom que gostaria de compartilhar com vocês. Um dia, lendo um romance (naqueles bons tempos em que o Brasil nos permitia concentração para isso), tive uma sensação maravilhosa passada pela imagem de uma chaleira permanente em cima de um fogão e passei a ter aquilo como meta de vida porque, simplesmente, achei bonito demais.

Daí, fui a busca de minha chaleira e tinha que ser como a do livro. Uma que apitava quando a água fervesse. Não é difícil de encontrar. Com o objeto devidamente adquirido, tentei viver meu romance. Não contei com a diferença de clima. A história que li se passava em uma montanha coberta de neve. A minha em um subúrbio carioca quente como a minha cabeça em tempos que vemos a democracia em agonia.

Comecei a ler sobre o tema e vi que era algo para além de saboroso. Os efeitos são reais e tem explicação científica pelas substâncias que são liberadas quando fervemos ou colocamos um tipo de erva ou flor em infusão.

Entendi que consumir chá gelado também faz bem. E, a partir desse entendimento, tornei-me a bruxa que sou hoje. Passei a comprar vários tipos de ervas e estudar as propriedades de todas elas. Feiticeira raiz não toma chá de saquinho. Minha cozinha está plenas de potinhos com as minhas poções.

Erva cidreira, capim limão, mate, hibisco, camomila, melissa, canela em pau, cravos, erva doce turca, mate, chá branco e preto, alfazema, hortelã, laranja, maçã, gengibre… são infinitos os tipos que podemos experimentar.

Sem contar o chimarrão que é um ritual a parte. Ter uma chaleira japonesa em casa para chazinho quente feito com arroz torrado ou chá verde é outro barato. Lembrando que para tomar chá quente é bom ter as xícaras sem alça que servem exatamente para verificarmos quando o chá está na temperatura certa para ser ingerido.

Não vou aqui ficar falando das propriedades de cada um. Vocês que lutem e se divirtam. Sei que virei as minhas avós, tanto a japonesa quanto a mineira. Sou uma mistura de Teruko san com dona Anna. Se vejo Nara com cólica, já sei o que vou colocar na chaleira. Se Pipo está ansioso, já aciono minha magia. Se preciso de concentração, vou direto na plantinha certa. Se Hideo tem crise de estômago, rá. Sei o que fazer.

E, se simplesmente não estou sentindo nada, fico testando sabores.

Outro dia, por exemplo, inventei algo aqui: mate com capim limão. Fiz um mate super forte com um pouco de capim limão (já que o capim limão tem o saber muito superlativo). Na hora de servir, coloquei metade do copo com esse chá e a outra metade completei com água com gás. Soquei gelo e rodelas de limão, Tcharãããã: eis um drinque daqueles. Ol mái góde que dilícia! Pode misturar com água de coco também. Enfim, as combinações são muitas, lúdicas e saudáveis.

Dependendo do chá, eu nem adoço mais. Quando quero docinho, uso mel ou açúcar mascavo. As vezes, coloco sucralose. Se começar a beber todos com açúcar refinado, não vale a pena.

Enfim, não é um texto literário nem político. Hoje quis só contar para vocês sobre isso porque achei, de fato, bonito viver em um romance.

Independente do que aconteça, eu fervo água e me distraio com a fumaça perfumada que sai de uma panela.

2 comentários em “Chá comigo!

  1. Oi, Élika! Finalmente, você me deu a explicação que eu queria. Eu nunca entendi porque os “copos” do meu jogo para chá japonês não têm alças! È lindo, presente do meu filho. Também tento variar e tomar meus chazinhos, já que sou uma pedreira ambulante com os cálculos renais! Mas ainda não atingi a perfeição: preciso aprender a preparar e escolher as ervas em vez dos saquinhos…

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